Encontro nacional em São Paulo intensifica luta por Lula livre

Em assembleia no sábado (16), em São Paulo, trabalhadores, representantes de movimentos sociais e partidos políticos firmaram o compromisso de lutar por Lula livre. Presente à reunião, o presidente da CTB disse que “a campanha por Lula Livre tem ao mesmo tempo uma dimensão democrática e de classe, pois sua prisão injusta e sem provas é parte do golpe do capital contra o trabalho, que objetiva a destruição dos direitos sociais, a privatização da Previdência e a subordinação do Brasil ao projeto imperialista dos EUA”.

A luta pela libertação de Lula, neste contexto, “está interligada à luta em defesa da democracia, da soberania nacional e dos direitos conquistados pelo nosso povo, como é o caso da Previdência Social, o maior e mais eficaz programa de distribuição de renda do Brasil, com o qual querem acabar para satisfazer os interesses dos banqueiros e grandes capitalistas”. Por sua vez, o coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, ressaltou que “a libertação de Lula significa a construção de um país onde impera a democracia”.

Inverno político

“Temos a obrigação de fazer os brasileiros voltarem a sonhar”, afirmou o ex-prefeito de São Paulo e ex-candidato à Presidência, Fernando Haddad (PT). “Temos o maior líder político desse país preso, e não se sabe o porquê. E fizeram tudo isso para colocar na Presidência uma pessoa que nem merece comentário, tamanho o despreparo. Por tudo isso, Lula livre hoje é sinônimo de Brasil livre”, enfatizou.

Candidata a vice na chapa de Haddad, Manuela D’ávila (PCdoB) afirmou que as bases sociais dos partidos de esquerda sofrem na pele as consequências do “inverno” político pelo qual o Brasil vem passando, seja pelos ataques aos direitos dos trabalhadores, seja pela violência crescente contra as mulheres. Ela encerrou sua fala citando o poeta Thiago de Mello: “‘Faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar’. Vem ver comigo, companheiro, a cor do mundo mudar.”

O ex-candidato a presidente pelo PSOL e dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, disse que o ministro da Justiça de Bolsonaro, Sérgio Moro é “cúmplice de um laranjal. Se a Justiça tivesse um terço do peso contra Lula, Dallagnol” (chefe da Lava-Jato) “estaria preso por crime de lesa-pátria pelo conchavo com norte-americanos”, referindo-se à tentativa de criação de fundo privado com R$ 2,5 bilhões, em acordo dos procuradores de Curitiba com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Crise do capitalismo

O ex-senador Roberto Requião (PMDB-PR) considerou que “as sentenças dadas contra Lula têm que ser anuladas, e reexaminadas por juízes vinculados ao direito, não à direita”. “Nosso lugar é na rua, lutando por Lula livre”, afirmou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), representando os comunistas. O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, também frisou que “a luta pela liberdade de Lula é uma luta da democracia e todo o povo brasileiro”. O presidente do PCO, Rui Costa Pimenta disse que a campanha pela liberdade de lula “não pode ser só entre a esquerda e para a esquerda, mas para todo o povo brasileiro.”

João Pedro Stedile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) avaliou que “o capitalismo está numa profunda crise. E o Brasil é um território estratégico para os capitalistas se salvarem da crise. E eles precisavam controlar Lula para conseguir isso. Tinham que prender o Lula, o motivo não interessa. Ele é um perigo para o projeto do capital. Ele é o líder maior desse país e eles não podem deixar ele junto ao povo”.

Para o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, presidente do Comitê de Solidariedade Internacional e Em Defesa da Democracia, “o que está acontecendo no Brasil hoje é parte de um processo de afirmação da potência hegemônica sobre o nosso país com a conivência das elites. O capital financeiro precisava que o Brasil deixasse caminho de justiça social e democracia, que abandonasse seu papel de integração na América Latina”.

A atriz Lucélia Santos defendeu “o mágico e lúdico” para enfrentar tempos obscuros, e lembrou a iniciativa do também ator José de Abreu, que se autoproclamou presidente do Brasil, em alusão ao líder da oposição na Venezuela Juan Guaidó. “O Brasil está hoje vivendo uma energia pesada, de morte, que é o que nós não queremos. Temos que ser militantes da vida. Propagar energia amorosa contra o ódio. A gente tem que desarmar pelo amor”, disse.

Formação de comitês

Lurian Lula da Silva, filha do ex-presidente, agradeceu o apoio da militância pela libertação do seu pai, e disse que a família vive em luto, desde março de 2016, quando ele foi levado em condução coercitiva, anunciando a perseguição que viria. Depois o luto foi amplificado pela morte de Marisa Letícia, mulher de Lula, e do irmão e do neto, já quando estava preso. “Temos o dever moral de estar na rua pedindo a liberdade de Lula para desmentir cada acusação e evitar que o país entre num colapso ainda maior.”

Segundo Carla Vitória, secretaria do Comitê Nacional Lula Livre, um dos principais objetivos do encontro foi promover a organização de Comitês Estaduais no próximo período, assim como tirar uma agenda conjunta de lutas para a Jornada Mundial Lula Livre, que acontece entre 7 e 10 de abril deste ano, marcando o aniversário de um ano da prisão do ex-presidente.

A ideia dos Comitês locais é a de que eles possam ser construídos por qualquer pessoa engajada em defesa da democracia: em sua associação, bairro, local de trabalho, sindicato, comunidade, universidade ou coletivo. O objetivo do comitê é elaborar, planejar, organizar e realizar atividades que peçam a libertação do ex-presidente, assim como se somar a iniciativas locais em defesa dos direitos do povo brasileiro.

Mais de mil ativistas

Não há necessidade de sede ou de hierarquias, mas de periodicidade e divisão de funções e tarefas. Os Comitês são as principais referências para participar da Campanha Lula Livre, que também incentiva a criação de comitês digitais para propagandear as ideias nas redes sociais e demais espaços da internet.

O encontro aconteceu no Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Participaram mais de mil ativistas, de pelo menos 20 estados do país: sindicatos, movimentos populares pela terra e por teto, partidos, lideranças indígenas, LGBTs, do movimento negro, jornalistas, militantes de base e os mais de 300 Comitês Lula Livre que se espalham por todo o país – além de outros vinte espalhados pelo mundo.

Com informações da Contee

 

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