Os trabalhadores da Ford realizam desde as primeiras horas da manhã desta terça-feira (2) assembleia em frente ao parque industrial da montadora, em Camaçari. A mobilização foi convocada pelo Sindicato para atualizar os funcionários das negociações em curso sobre as indenizações, após a empresa anunciar o encerramento das atividades no Brasil.
O Sindicato tem chamado atenção dos trabalhadores sobre a importância de ninguém retornar à linha de produção para concluir qualquer produto pendente da Ford. “Não é justo que o trabalhador volte para operação estando demitido, que não existe mais emprego”, explicou Júlio Bonfim, reunido com outras lideranças no carro de som que serve de apoio ao movimento, que conta mais uma vez com adesão em massa dos metalúrgicos.
Trabalhadores da Ford com dignidade não entram na fábrica
Como colaborar com quem te ataca? Como ajudar quem te desrespeita? São reflexões como essas que os trabalhadores da Ford têm feito na hora de decidir pelo não retorno à fábrica para finalização de produtos pendentes na linha de produção da montadora americana. É preciso a chamada “vergonha na cara” para não aceitar esse papel de bobo proposto pela Ford.
Para o Sindicato, a postura é legítima e deve ser seguida por todos: não se pode trabalhar já sabendo que não há mais emprego. Quem falta com respeito é a Ford, que de uma hora para outra anunciou o fechamento da fábrica em Camaçari, e no Brasil, pegando todos de surpresa.
Sem nenhum planejamento ou discussão prévia envolvendo poder público e Sindicato, a montadora surpreendeu a todos ao finalizar as atividades no país de forma abrupta, na base do oportunismo.
Depois de 20 anos se beneficiando com isenções fiscais, a Ford, sem nenhuma cerimônia, ataca não só os trabalhadores, mas a sociedade como um todo. Já que a demissão em massa de milhares de trabalhadores é um duro golpe contra a economia da Bahia.
Essa trapalhada irresponsável da Ford termina com certeza por dificultar até mesmo os seus próprios negócios, no momento em que a instabilidade das operações passa a ser um risco sempre incontrolável.
Agora, além de não retornarem à linha de produção – e sem perspectiva ainda de uma nova empresa para ocupar o parque industrial – os trabalhadores lutam por uma indenização justa. Já que não há chance da Ford retroceder, o Sindicato tem empenhado suas forças na construção de um acordo que assegure as indenizações. Mas, não está fácil. A Ford faz de tudo para dificultar as negociações, desrespeitando e atropelando o que verdadeiramente os trabalhadores têm direito.
“Nenhum trabalhador deve aceitar voltar à linha de produção nessas condições, estando demitido. É um absurdo. Se a Ford encerrou as atividades e não há chance de permanecer em Camaçari, que negocie então as indenizações de forma justa”, explica o presidente do Sindicato, Júlio Bonfim.
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