Por Anderson Pereira
Nas crises geradas pelo capitalismo, as mulheres são as mais afetadas. Entre os desempregados, elas são a maioria. Já aquelas que estão no mercado de trabalho, é comum a dupla e até a tripla jornada. Como superar esses desafios impostos pelas políticas neoliberais que privilegiam um Estado Mínimo? Essas e outras questões foram discutidas nessa quinta-feira (04/03) durante uma live transmitida pela Secretaria de Formação da CTB-MG.
O encontro reuniu mulheres e homens de diversas regiões do país. A convidada foi a Assistente Social e membro da coordenação nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM), Elza Maria Campos. Participaram também a presidenta da CTB-MG e do Sinpro-MG, Valéria Morato; a secretária Adjunta de Mulheres da CTB, Tetê Avelar (mediadora); o secretário de Formação da CTB-MG, Jota Lacerda; e o Secretário-geral da CTB-MG, Gelson Alves.
A presidenta da CTB-MG fez uma análise crítica e histórica da luta das mulheres desde 1879 – ano em que as mulheres entraram no ensino superior – até os dias atuais. “Hoje, em pleno século XXI, temos uma ministra (Damares Alves) que afirma: a mulher precisa obedecer o homem; o homem é a cabeça e a mulher é o corpo. Nós somos a maioria nas universidades, 25% contra 18% dos homens”, protestou ela.
Valéria Morato também falou sobre a participação das mulheres na primeira greve geral. O movimento, que durou 30 dias, reivindicava melhores condições de trabalho, salário digno, redução de carga horária, que era de 16h por dia, e o fim do trabalho infantil.
Ela destacou que todas as conquistas das mulheres foram resultado de muita luta. Já o cenário atual, é crítico e exige unidade. “Temos um governo conservador que defende pautas de costumes e não políticas públicas. O desemprego é recorde e os trabalhadores estão perdendo direitos, especialmente após a aprovação da Reforma Trabalhista. Se não nos mobilizarmos, o retrocesso pode ser ainda maior”, advertiu ela.
Luta
A assistente social Elza Maria Campos iniciou a sua participação solidarizando-se com as famílias vítimas da Covid-19 no país. “Só a esperança e a luta pode mudar esse quadro”, disse ela.
Elza Campos lembrou que a luta dos trabalhadores e trabalhadoras se confunde com a luta política. “O capitalismo é um sistema que privilegia a exploração do ser humano. Já patriarcado, nos oprime”, disse ela ao ressaltar a importância dos Movimentos Feministas nesse enfrentamento.
Elza Campos citou, ainda, vários episódios marcantes na luta das mulheres ao longo da história. Entre eles, a Revolução Russa, em 1917; a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em 1910; e a morte de 123 operárias numa fábrica têxtil que pegou fogo nos EUA, em 1911.
Segundo ela, “essa pandemia nos mostra a importância do papel do Estado. Na ausência dele (o Estado), as mulheres são as mais afetadas. O mundo do trabalho é um tema central nesse contexto”, afirmou Elza Campos.
Perguntada sobre como os(as) trabalhadores(as) podem superar esse momento adverso, a assistente social respondeu que a saída passa pela formação de uma Frente Ampla e a conquista de mais espaços de poder.
“Precisamos ocupar os espaços de poder, nós avançamos pouco nessas eleições. Ocupamos apenas 14%, ao contrário dos nossos vizinhos Argentina e Bolívia que, nas últimas eleições, avançaram nesse aspecto”, analisou ela.