Adilson Araújo envia mensagem à classe trabalhadora no 18° Congresso da FSM

Aconteceu entre os dias 6 e 8 deste mês o 18° Congresso da Federação Sindical Mundial (FSM), em Roma. O presidente da CTB, Adilson Araújo, fez uma importante contribuição ao debate dos trabalhadores e trabalhadoras do mundo, enviando uma mensagem que reproduzimos aqui na íntegra.

Confira a mensagem na íntegra em 3 idiomas: Português, Espanhol e Inglês:

Prezados companheiros e companheiras participantes do 18º Congresso da Federação Sindical Mundial

Quero, em primeiro lugar, saudar a todos e todas e reiterar aqui, em nome da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, nossa admiração, amizade e respeito pelo camarada George Mavrikos, que desenvolve à frente da nossa Federação um trabalho orientado pelos princípios classistas de defesa intransigente dos interesses e da unidade da classe trabalhadora e dos povos do mundo e de denúncia e combate à exploração capitalista e aos crimes praticados diuturnamente pelo imperialismo.

Vivemos hoje num mundo conturbado, agitado pela crise geopolítica e a instabilidade econômica. A ordem mundial capitalista fundada após a 2ª Guerra Mundial sob a hegemonia dos EUA caducou. Cresce o clamor global por um novo arranjo geopolítico capaz de garantir a paz, o efetivo multilateralismo, o direito à autodeterminação das nações, o fim do imperialismo.

Após a extinção da União Soviética, consumada em 1991, os EUA se arvoraram senhores absolutos do mundo e trataram de ampliar a sua hegemonia. Através da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) promoveram uma temerária expansão militar para o leste da Europa, chegando às portas de Moscou, o que originou o conflito em curso entre Rússia e Ucrânia.

A guerra é acirrada pela reação dos EUA e as sanções econômicas, com graves consequências para o mundo. Sacrifica vidas, exacerba a crise migratória, eleva os preços das commodities e abala a economia mundial, hoje às voltas com a chamada estagflação, uma explosiva combinação de inflação em alta com a estagnação da produção.

Cumpre denunciar que os EUA conduzem na Ucrânia o que os especialistas definem como guerra por procuração. Urge encontrar um caminho para viabilizar um cessar-fogo e a solução pacífica do conflito de interesses, de modo a aliviar o sofrimento de ucranianos e russos, bem como os impactos negativos na economia mundial.

A classe trabalhadora é, hoje e sempre, a principal vítima das crises do sistema capitalista. Neste ano o número de desempregados deve ultrapassar a casa dos 200 milhões, segundo estimativas da OIT.

No Brasil, o exército de desempregados, desalentados e subocupados soma 26,8 milhões. Nossa classe sofre um duro retrocesso desde o golpe de Estado de 2016, que desfigurou a legislação trabalhista, ampliou a precarização, a terceirização dos serviços e o desemprego, arrochou os salários e enfraqueceu a organização sindical.

A ofensiva contra a classe trabalhadora foi radicalizada no governo do neofascista Jair Bolsonaro, responsável pelo Brasil ter acumulado até a presente data mais de 664 mil mortes por Covid-19, o segundo pior resultado em todo o mundo, atrás apenas dos EUA.

O líder da extrema direita conduz uma política de destruição do Direito do Trabalho, do meio ambiente, da cultura e da ciência, assim como do que resta da nossa jovem e frágil democracia. A política econômica entreguista é pautada pelas privatizações, redução dos investimentos em saúde, educação e infraestrutura, e orientada exclusivamente para satisfazer os interesses do grande capital.

O governo cultua e estimula o obscurantismo, o negacionismo, o desmatamento ilegal, o genocídio dos indígenas, o racismo, a homofobia, a tortura, a corrupção, as armas e o crime organizado. Bolsonaro quer abrir caminho para a instalação de um regime abertamente fascista e precisa ser barrado.

As eleições convocadas para outubro serão decisivas neste sentido. A CTB e as demais centrais sindicais estão unidas na luta para derrotar o fascismo. Desde já é essencial concentrar esforços para esta grande batalha que já está em curso e cujo desfecho se avizinha.

Nossa esperança se traduz agora na candidatura do metalúrgico e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de garantir a vitória de Lula, hoje favorito segundo as pesquisas, a militância da CTB também vai se empenhar na campanha para eleger candidaturas comprometidas com as causas trabalhistas, em especial de sindicalistas classistas.

A CTB reitera a necessidade de construção de uma ampla frente política e social para derrotar Bolsonaro, superando o impasse político em que o país está mergulhado. O movimento sindical tem uma grande tarefa: vencer as eleições para barrar o fascismo e viabilizar um governo de reconstrução nacional capaz de promover mudanças na política econômica, combater o desemprego e a fome, bem como promover a retomada do desenvolvimento nacional com soberania, democracia e valorização do trabalho. 

Por fim, vale ressaltar que a CTB tem uma trajetória exitosa, pois cresceu e se consolidou. A unificação com a CGTB, consagrada no nosso 5º Congresso em agosto de 2021, fortaleceu e criou novas perspectivas para o sindicalismo classista e a unidade mais ampla do movimento sindical brasileiro, dando nova energia para as batalhas da classe trabalhadora.

Vida longa à Federação Sindical Mundial na luta contra a exploração capitalista, em defesa da democracia, da soberania nacional, da valorização do trabalho e do Socialismo. 

#Fora Bolsonaro!

#Venceremos!

Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

Em espanhol:

Estimados compañeros participantes del 18º Congreso de la Federación Sindical Mundial

Quiero, en primer lugar, saludar a todos y reiterar aquí, en nombre de la Central de los Trabajadores y Trabajadoras do Brasil, nuestra admiración, amistad y respeto por el compañero George Mavrikos, que realiza un trabajo al frente de nuestra Federación guiado por principios de clase, de defensa intransigente de los intereses y la unidad de la clase obrera y de los pueblos del mundo y de denuncia y combate a la explotación capitalista y los crímenes que practica diariamente el imperialismo.

Vivimos hoy en un mundo convulso, sacudido por la crisis geopolítica y la inestabilidad económica. El orden mundial capitalista fundado tras la Segunda Guerra Mundial bajo la hegemonía estadounidense ha caducado y crece el clamor mundial por un nuevo arreglo geopolítico capaz de garantizar la paz, el multilateralismo efectivo, el derecho a la autodeterminación de las naciones y el fin del imperialismo.

Tras el dramático final de la Unión Soviética, EE. UU afirmó ser el amo absoluto del mundo y trató de expandir su hegemonía. A través de la OTAN (Organización del Tratado del Atlántico Norte) promovieron una expansión militar temeraria hacia Europa del Este, llegando hasta las puertas de Moscú, provocando el conflicto en curso entre Rusia y Ucrania.

La guerra está alimentada por la reacción y las sanciones económicas de Estados Unidos y tiene graves consecuencias para el mundo. Sacrifica vidas, exacerba la crisis migratoria, eleva los precios de las materias primas y sacude la economía mundial, que ahora se enfrenta a la llamada estanflación, una combinación explosiva de inflación creciente y producción estancada.

Cabe señalar que Estados Unidos está llevando a cabo lo que los expertos definen como una guerra de poder en Ucrania. Es urgente encontrar una forma de facilitar un alto el fuego y una solución pacífica al conflicto de intereses, para aliviar el sufrimiento de ucranianos y rusos, así como los impactos negativos en la economía mundial.

La clase obrera es, hoy y siempre, la principal víctima de las crisis del sistema capitalista. Este año el número de desempleados debe superar los 200 millones, según la OIT.

En Brasil, el ejército de desempleados, desanimados y subempleados suma 26,8 millones. Nuestra clase ha sufrido un duro revés desde el golpe de Estado de 2016, que desfiguró nuestra legislación laboral, aumentó la precariedad, la tercerización de servicios y el desempleo, apretó los salarios y debilitó la organización sindical.

La ofensiva contra la clase obrera se radicalizó en el gobierno del neofascista Jair Bolsonaro, responsable de que Brasil haya acumulado hasta la fecha más de 664 mil muertos por Covid-19, el segundo peor resultado del mundo, solo por detrás de EE.UU.

El líder de la extrema derecha lleva a cabo una política de destrucción del Derecho del Trabajo, el medio ambiente, la cultura y la ciencia, así como lo que queda de nuestra joven y frágil democracia. La política económica de rendición está guiada por la privatización, reducción de inversiones en salud, educación e infraestructura, y orientada exclusivamente a satisfacer los intereses del gran capital.

El gobierno venera y fomenta el oscurantismo, el negacionismo, la deforestación ilegal, el genocidio de indígenas, el racismo, la homofobia, la tortura, la corrupción, las armas y el crimen organizado. Bolsonaro quiere allanar el camino para la instalación de un régimen abiertamente fascista y debe ser detenido.

Las elecciones convocadas para octubre serán decisivas en este sentido. La CTB y las demás centrales sindicales están unidas en la lucha para derrotar al fascismo. A partir de ahora, es fundamental concentrar los esfuerzos en esta gran batalla que ya está en marcha y cuyo desenlace es inminente.

Nuestra esperanza ahora se traduce en la candidatura del metalúrgico y ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Además de garantizar la victoria de Lula, que ahora es el favorito según las encuestas, la militancia de la CTB también se involucrará en la campaña para elegir candidatos comprometidos con las causas laborales, especialmente sindicalistas de clase.

La CTB reitera la necesidad de construir un amplio frente político y social para derrotar a Bolsonaro, superando el “impasse”  político en el que se encuentra sumido el país. El movimiento sindical tiene una gran tarea: ganar las elecciones para posibilitar un gobierno de reconstrucción nacional capaz de promover cambios en la política económica, combatir el desempleo y el hambre y promover la reanudación del desarrollo nacional con soberanía, democracia y valorización del trabajo.

Finalmente, cabe mencionar que CTB tiene una trayectoria exitosa, ya que ha crecido y se ha consolidado. La unificación con la CGTB, consagrada en nuestro 5º Congreso en agosto de 2021, ha fortalecido y creado nuevas perspectivas para el sindicalismo de clase y la unidad más amplia del movimiento sindical brasileño, dando nueva energía a las luchas de la clase trabajadora.

Viva la Federación Sindical Mundial en la lucha contra la explotación capitalista, en defensa de la democracia, la soberanía nacional, la valorización del trabajo y el Socialismo.

# ¡Afuera Bolsonaro!

# ¡Venceremos!

Adilson Araújo, presidente de La Central de Los Trabajadores y Trabajadoras de Brasil (CTB)

Em inglês:

Dear fellow participants of the 18th Congress of the World Federation of Trade Unions

First of all, I would like to greet everyone and reiterate here, on behalf of the Central of Workers of Brazil, (CTB) our admiration, friendship and respect for comrade George Mavrikos, who carries out work at the head of our Federation guided by principles of class, of uncompromising defense of the interests and unity of the working class and of the peoples of the world and of denouncing and combating capitalist exploitation and the crimes that imperialism practices daily.

We live today in a troubled world, shaken by geopolitical crisis and economic instability. The capitalist world order founded after the Second World War under US hegemony has expired and the world clamor is growing for a new geopolitical arrangement capable of guaranteeing peace, effective multilateralism, the right to self-determination of nations and the end of imperialism.

After the dramatic end of the Soviet Union, the US claimed to be the absolute master of the world and tried to expand its hegemony. Through NATO (North Atlantic Treaty Organization) they promoted a reckless military expansion into Eastern Europe, reaching the gates of Moscow, provoking the ongoing conflict between Russia and Ukraine.

The war is fueled by US economic sanctions and reaction and has serious consequences for the world. It is sacrificing lives, exacerbating the migration crisis, driving up commodity prices and rattling the world economy, which is now facing so-called stagflation, an explosive combination of rising inflation and stagnant output.

It should be noted that the United States is carrying out what experts define as a proxy war in Ukraine. It is urgent to find a way to facilitate a ceasefire and a peaceful solution to the conflict of interests, to alleviate the suffering of Ukrainians and Russians, as well as the negative impacts on the world economy.

The working class is, today and always, the main victim of the crises of the capitalist system. This year the number of unemployed should exceed 200 million, according to the ILO.

In Brazil, the army of unemployed, discouraged and underemployed totals 26.8 million. Our class has suffered a severe setback since the 2016 coup d’état, which disfigured our labor legislation, increased precariousness, outsourcing of services and unemployment, tightened wages and weakened union organization.

The offensive against the working class was radicalized in the government of the neo-fascist Jair Bolsonaro, responsible for Brazil having accumulated more than 664,000 deaths from Covid-19 to date, the second worst result in the world, only behind the US.

The leader of the extreme right carries out a policy of destruction of Labor Law, the environment, culture and science, as well as what remains of our young and fragile democracy. The economic policy of surrender is guided by privatization, reduction of investments in health, education and infrastructure, and oriented exclusively to satisfy the interests of big capital.

The government venerates and promotes obscurantism, denialism, and illegal deforestation, genocide of indigenous people, racism, homophobia, torture, corruption, weapons, and organized crime. Bolsonaro wants to pave the way for the installation of an openly fascist regime and he must be stopped.

The elections called for October will be decisive in this regard. The CTB and the other trade union centers are united in the struggle to defeat fascism. From now on, it is essential to concentrate efforts on this great battle that is already underway and whose outcome is imminent.

Our hope now translates into the candidacy of metallurgist and former president Luiz Inácio Lula da Silva. In addition to guaranteeing the victory of Lula, who is now the favorite according to the polls, the CTB militancy will also be involved in the campaign to elect candidates committed to labor causes, especially class unionists.

The CTB reiterates the need to build a broad political and social front to defeat Bolsonaro, overcoming the political “impasse” in which the country finds itself submerged. The trade union movement has a great task: to win the elections to enable a government of national reconstruction capable of promoting changes in economic policy, combating unemployment and hunger, and promoting the resumption of national development with sovereignty, democracy and valorization of work.

Finally, it is worth mentioning that CTB has a successful track record, as it has grown and consolidated. The unification with the CGTB, enshrined in our 5th Congress in August 2021, has strengthened and created new perspectives for class unionism and the broader unity of the Brazilian union movement, giving new energy to the struggles of the working class.

Long live the World Federation of Trade Unions in the fight against capitalist exploitation, in defense of democracy, national sovereignty, the valorization of work and Socialism.

# Out Bolsonaro!

# Overcome!

Adilson Araújo, president of the Central of Workers of Brazil (CTB)