O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, realizou a primeira reunião com as centrais sindicais nesta sexta-feira (3), em São Paulo, e ouviu cobranças das entidades sobre a participação nas diretrizes econômicas do governo. Entre as exigências está a destinação de assentos para os sindicatos no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) e no Comitê de Política Monetária.
Inclusive, um ato em frente ao Banco Central, em Brasília, foi marcado para o próximo dia 20, a fim de pressionar o Copom a reduzir a taxa de juros dos atuais 13,75%, o mais alto índice do mundo. A mobilização, que também pede a saída do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, acontece na véspera da próxima reunião do colegiado.
“Do nosso ponto de vista, foi uma reunião importante, por se tratar de um primeiro passo de diálogo com o Ministério da Fazenda. Faremos um movimento no sentido de pressionar o governo para estabelecer o fim da autonomia do Banco Central. A nossa intenção é de que essa taxa de juros seja rebaixada, pare de aumentar e incentive a retomada da industrialização no país”, afirmou o vice-presidente nacional e presidente da CTB-SP, Renê Vicente, que representou a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil na reunião.
Em sua exposição, Haddad destacou a antecipação das ações do governo com a PEC da Transição, que garantiu o orçamento de R$ 168 bilhões para a retomada do Bolsa Família e demais políticas sociais. Ele também prometeu um plano de recuperação econômica já para este ano, sobretudo com a aprovação de uma reforma tributária pelo Congresso Nacional, que tenha equilíbrio fiscal, taxe as grandes fortunas e heranças e coloque “o pobre no orçamento e o rico no imposto”. Segundo o ministro, outras metas prioritárias são o corte da taxa de juros e a redução da inflação, com o objetivo de buscar uma reindustrialização com transição ecológica, a fim de ampliar o parque industrial do país com atrativos para o mercado internacional.
“Após anos sem conversa com o governo federal, o ministro da Fazenda recebeu as centrais sindicais e os movimentos sociais para dialogar. Isso é fundamental para a ampliação dos direitos da classe trabalhadora. A pauta principal das centrais sindicais é a luta política pela retomada do desenvolvimento econômico, com valorização do trabalho e distribuição de renda. Para tanto, não abrimos mão da retomada do controle do Banco Central, pelo fim da autonomia e pelo fim da política do teto de gastos”, ressaltou Renê.
O ministro e os representantes das entidades se comprometeram em agendar novas reuniões para que as discussões a respeito da reforma tributária sejam acompanhadas pelos sindicatos.