Entregadores e empresas de plataformas digitais não entram em acordo e dia 18 pode ter paralisação

Não houve acordo entre motoboys e empresas de plataformas digitais, em reunião realizada nesta terça (12), no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em Brasília. Isso após pouco mais de quatro meses de negociação em um grupo de trabalho (GT) instituído pelo governo federal. Os entregadores prometem paralisação em todo o país no dia 18 de setembro, caso a proposta não melhore.

“Nós saímos do GT agora no final da noite [desta terça-feira]. Na parte dos motoboys e dos motoentregadores, não teve acordo nenhum. Todas as propostas apresentadas pelas empresas são inviáveis, não tem como embarcar não. Depois de 120 dias de reunião no GT do governo, tripartite, a gente sai da mesa sem acordo com as empresas. Está para ter uma reunião amanhã [13], por volta 11h, com o governo, para ver qual caminho o governo vai tomar”, afirmou o presidente do SindimotoSP e do Conselho Nacional de Motofretistas, Motoentregadores, Motoboys e Entregadores Ciclistas Profissionais do Brasil, Gilberto Almeida dos Santos. 

Mais cedo, na capital federal, a categoria fez mobilização na Esplanada dos Ministérios, pedindo que as empresas ofereçam remuneração mínima decente e condições dignas de trabalho, com diretrizes de saúde e segurança, para seus trabalhadores.

Divergências

Os entregadores protestaram contra a demora na regulação do serviço e argumentam que a renda por hora de trabalho logada nos aplicativos caiu 53,60% depois da popularização dos aplicativos, de R$ 22,90 em 2013 para R$ 10,55 em 2023. Entidades das categorias e centrais sindicais reivindicam valores mínimos de R$ 35,76 para motociclistas e R$ 29,63 para ciclistas profissionais por hora de trabalho.

As empresas oferecem de R$ 10,20 a R$ 12 para motociclistas e de R$ 6,54 a R$ 7 para ciclistas. “As empresas de aplicativos continuam fugindo de suas responsabilidades sociais com milhões de entregadores em todo Brasil que, na realidade, não são autônomos e sim trabalhadores em situação de precarização e escravização”, argumentou a Federação Brasileira dos Motociclistas Profissionais, em comunicado. 

Entidade empresarial, a Amobitec informou que vem apresentando documentos e propostas desde o início das discussões, incluindo modelos de integração na Previdência Social e valores de ganhos mínimos.  A mesa tripartite (governo, empregadores e trabalhadores) tinha até esta terça-feira para chegar a um consenso sobre os temas negociados. Com informações da Agência Brasil e CTB-BA.