Apagão em São Paulo é o resultado da privatização, diz presidente da CTB

Realizadas para atender o apetite insaciável por lucros dos grandes capitalistas nacionais e estrangeiros, as privatizações impostas ao longo dos anos por governos de orientação neoliberal configuram um crime contra os interesses da nação e do povo brasileiro, na opinião do presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Adilson Araújo.

Entre outros exemplos, o sindicalista citou a entrega da Vale no governo FHC por R$ 3 bilhões, uma bagatela que ela reembolsou em poucos meses de lucro. A empresa reportou lucro líquido de US$ 6,860 bilhões em 2018.

Os lucros cresceram à custa do corte de investimentos fundamentais para a população em segurança. Como consequências, presenciamos duas tragédias ambientais com danos incomensuráveis à Natureza e um saldo de centenas de mortes e milhares de desalojados.

O povo pagou e paga pelas privatizações e a gestão neoliberal da Petrobras na forma do aumento do gás da cozinha, da gasolina e do óleo diesel. Até mesmo os serviços funerários ficaram mais caros depois de privatizados.

Na verdade, o capital (e o capitalista, que como Marx notou é a personificação do capital) só se orienta por um único e exclusivo objetivo: a maximização dos lucros. Pouco lhe importa o custo desta ganância para o conjunto da sociedade, que no Brasil tem se revelado alto.

Esta é também a realidade subjacente ao blecaute que deixou 700 mil famílias sem luz em São Paulo, teoricamente a cidade mais rica e desenvolvida do país. O que estamos presenciando é uma vergonha.

“O apagão é a confirmação inconteste da ineficiência da prestação dos serviços privatizados”, afirmou Adilson Araújo. “O prefeito da capital paulista, réu confesso, Ricardo Nunes (MDB), reconheceu que o contrato de privatização da Enel foi mal feito, ou seja, não entregou o prometido à população. Mais ainda, admitiu que a gestora da energia na cidade não conseguiu dar conta do serviço. É um atestado de incompetência da iniciativa, no caso um monopólio, privado.

A Enel Energia arrematou a compra da Eletropaulo por cerca de R$ 6 bilhões, em junho de 2018.

O presidente da CTB agregou que a demora no restabelecimento da energia na cidade de São Paulo “deixa claro o desinvestimento das empresas de energia em manutenção. Isso se deveu à privatização do setor elétrico. A Energia em São Paulo é gerida pela Enel, empresa privada com sede na Itália que comprou a Eletropaulo em 2018”.

Na sexta-feira (3), o blecaute deixou mais de 2 milhões de pessoas sem energia elétrica.

O presidente da CTB alertou para a necessidade de conscientizar e mobilizar a população contra o projeto de privatização da Sabesp em São Paulo, ou seja, deste ramo estratégico que compreende o abastecimento d´água e o saneamento.

“Com esse caos, propor a privatização da Sabesp”, como pretende o governador Tarcísio de Freitas, “seria jogar a cidade no fundo do poço. Se não bastasse o tamanho da tragédia e descaso da gestão municipal e da Enel, infelizmente, ainda foram registradas sete mortes em decorrência da chuva no estado. Os óbitos foram anotados em São Paulo, Ilhabela, Osasco, Santo André, Suzano e Limeira”.