Agronegócio: setor mais beneficiado, com emprego e salário em queda, por Luís Nassif

Preocupa o aumento do contingente Fora da Força de Trabalho: houve alta em 23 estados, em relação a 2022 e alta em 22 em relação a 2021.

Luis Nassif

É preciso cautela com o otimismo em relação ao mercado de trabalho. Comparado com o mesmo período do ano passado, o trimestre agosto-setembro-outubro de 2023 registrou o seguinte comportamento:

  1. Houve um aumento de 1,5 milhão na Força de Trabalho (as pessoas em idade de trabalhar), com crescimento de 0,9%. Mas a Força de Trabalho propriamente dita caiu -0,2%, ou 219 mil pessoas.
  2. Houve melhoria na Força de Trabalho ocupada, que cresceu 0,5% ou 545 mil novos postos. E também houve redução de 8,5%, ou 763 mil postos na Força de Trabalho desocupada.
  3. Mas parte da redução da Força de Trabalho Desocupada se deveu àqueles que saíram do mercado de trabalho, um aumento de 2,7%, ou mais 1,7 milhão de pessoas. No total, são quase 68 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho.
  4. Juntando Desocupados + Fora da Força de Trabalho, houve aumento de 1,3% ou 975 mil. No total, são 76 milhões de pessoas desocupados e fora da força de trabalho.

Analisando os 27 estados, em relação ao terceiro trimestre de 2022 houve aumento da Força de Trabalho em 11 e queda em 16. Em relação à Força de Trabalho ocupada, houve alta em 13 e queda em 13. Já em relação à Força de Trabalho desocupada, aumento em 5 e queda em 22.

O que preocupa é o aumento do contingente Fora da Força de Trabalho: houve alta em 23 estados, em relação a 2022 e alta em 22 em relação ao mesmo período de 2021.

Houve uma melhoria no rendimento do trabalho principal em 2023 na maioria dos setores. Houve quedas na Agricultura, justamente o setor economicamente mais pujante.

Na geração de empregos, chama atenção o desempenho sofrível da Agricultura. Tomando 2016 como base 1, a Agricultura caiu para 0,9148 – ou seja, uma queda de quase 9% no número de empregados. Abaixo dela, apenas a Construção. Mas, no caso da Construção há os argumentos da destruição perpetrada pela Lava Jato e a queda na oferta de financiamento. No caso da Agricultura, houve uma fase de enorme abundância, sacrificando o ICMS dos estados produtores.