Retrospectiva 2023: Hollywood parou e teve de ceder às reivindicações dos artistas

Em maio, os roteiristas americanos iniciaram uma greve, à qual os atores aderiram em meados de julho, para exigir melhores remunerações e a regulamentação do uso da chamada Inteligência Artificial (IA). Roteiristas, diretores e atores de Hollywood entraram em greve, exigindo melhores salários e condições de trabalho.

A greve dos atores só foi encerrada em novembro, com uma expressiva vitória dos trabalhadores e trabalhadoras, que além de melhorias salariais e nas condições de trabalho conquistaram a regulamentação do uso da Inteligência Artificial.

Unidos, os profissionais mostraram sua força, provando que quem realmente produz a riqueza e o lucro da indústria não são os capitalistas (embora estes se apresentem como produtores na gramática dominante), mas os trabalhadores e trabalhadoras. Sem o trabalhador, o capital e o capitalista são completamente inúteis.

A produção de filmes e séries americanas ficou paralisada durante quase seis meses, produções caras e grandiosas foram adiadas e o custo à poderosa indústria cinematográfica que opera no país foi estimado em pelo menos 6 bilhões de dólares (o equivalente a cerca de R$ 30 bilhões). Isto forçou o patronato a recuar e assinar acordos coletivos que contemplaram as principais reivindicações dos grevistas, que conquistaram uma vitória histórica e deram ao mundo um exemplo de mobilização, unidade e combatividade sindical.

A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) manifestou, em nota, seu apoio e solidariedade à greve dos artistas de Hollywood, considerando que é ao mesmo tempo um alerta e um exemplo para a classe trabalhadora em todo o mundo.

“A unidade dos profissionais que compõem as categorias de atores e roteiristas multiplica a força da paralisação, que enfrenta uma ameaça existencial para os artistas, como observou a atriz Fran Descher, presidenta do Sindicato dos Atores”, ressaltou a Central classista.

Sindicalismo em alta nos EUA

Os metalúrgicos das três maiores empresas automobilística dos EUA também entraram em greve e conquistaram o que a própria categoria classificou de uma vitória história. As greves envolveram cerca de 12.700 trabalhadores e paralisaram fábricas estratégicas operadas pela Ford, GM e pela Jeep.

O acordo com a GM terá a duração de quatro anos e meio e inclui um reajuste de 25% para os salários. Os salários iniciais terão reajuste de 68%, para US$ 28 a hora. O presidente Joe Biden apoiou a luta dos operários.

Conforme notou o jornal Valor (Termina a greve de seis semanas dos funcionários de montadoras nos EUA | Investimento no Exterior | Valor Investe (globo.com)), a “paralisação foi uma vitória relevante para os trabalhadores da indústria automobilística, que durante anos receberam salários estagnados e fizeram concessões por conta da crise financeira de 2008. Segundo a Reuters, a estratégia do sindicato custou às três montadoras e seus fornecedores “bilhões de dólares”.

A luta dos artistas e dos metalúrgicos revela um movimento sindical em alta nos Estados Unidos, apesar das fortes restrições que o sistema, amplamente favorável ao patronato, impõe à organização de sindicatos no país.