Retrospectiva 2023: Genocídio na Faixa de Gaza e acirramento da crise geopolítica

Foto: divulgação.

A pretexto de punir e “eliminar” o Hamas, o Estado sionista de Israel, dirigido pelo líder da extrema direita, Benjamin Netanyahu, vem promovendo um autêntico genocídio na Faixa de Gaza, numa coparceria cínica com o imperialismo estadunidense.

O massacre começou em 7 de outubro e prosseguiu pelos meses seguintes, apesar do repúdio internacional e reiteradas condenações da ONU. Em 18 de dezembro chegou a 19.453 o número de mortos em ataques israelenses na Faixa de Gaza, de acordo com informações do Ministério da Saúde local.

Cerca de 60% das vítimas são crianças e mulheres, numa evidência cruel do cinismo sionista contido na propaganda de que Israel tem procurado preservar os civis. Igrejas, hospitais, escolas, prédios residenciais estão entre os alvos indiscriminados dos sionistas e mais de dois terços dos 2,4 milhões de habitantes foram deslocados, segundo a ONU.

No sábado (16) uma mãe e sua filha foram mortas a tiros por um soldado israelense no complexo que abriga a única igreja católica de Gaza, informou o Patriarcado Latino de Jerusalém.
“Por volta do meio-dia, um atirador de elite do Exército israelense matou duas mulheres cristãs na paróquia da Sagrada Família, onde a maioria das famílias cristãs de Gaza se refugiam desde o início do conflito” entre Israel e o movimento palestino Hamas, relatou o Patriarcado, acrescentando que “não há beligerantes dentro dos muros da paróquia”.

“Nahida e a filha Samar morreram baleadas quando caminhavam para o Convento das Irmãs”, descreve o comunicado. Outras sete pessoas ficaram feridas enquanto procuravam fugir dos disparos. (Mulheres são mortas por soldado de Israel em igreja de Gaza (msn.com).

O genocídio provocou uma comoção internacional. Milhões de pessoas foram às ruas em todo o mundo para manifestar repúdio ao crime de guerra que está sendo cometido por Israel e exigir respeito aos civis e cessar fogo imediato. Mas, o governo extremista faz ouvidos moucos ao clamor popular pela paz. Sente-se com as costas largas e carta branca para matar em função da cumplicidade dos Estados Unidos, que por sua vez usam e abusam da condição de maior potência militar do globo com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, que condena a instituição à impotência.

O Conselho já analisou várias propostas de resolução para impor um cessar fogo ou mesmo pausas humanitárias, apresentadas por diversos países empenhados em deter o genocídio, inclusive o Brasil. Foram todas vetadas pelos EUA, que com notável hipocrisia continuam “defendendo” a proteção de civis.
Esgotamento da ordem imperialista.

O genocídio ainda em curso na Faixa de Gaza ocorre em meio ao agravamento da crise geopolítica e é mais um sintoma do esgotamento da ordem mundial imperialista hegemonizada pelos Estados Unidos, cada vez mais fundamentada na guerra e incapaz de promover a paz mundial.

Esta “ordem” foi formalizada pelos acordos de Bretton Woods, em 1944, e caducou em consequência das profundas mudanças na geografia econômica, produzidas pelo desenvolvimento desigual e traduzidos no deslocamento do poder econômico (e por extensão geopolítica) do Ocidente para o Oriente e dos EUA para a China.

Podemos enxergar outro sintoma claro da crise geopolítica no conflito entre Rússia e Ucrânia, também fomentado pelo imperialismo, ou mais precisamente os EUA, (G7, com destaque para Europa) e Otan.
A ineficácia das sanções contra Moscou, que incluíram o roubo descarado de reservas russas (a princípio estimado em US$ 300 bilhões), é um sinal claro da decadência do chamado Ocidente e em particular dos EUA.

Estima-se que o Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia deve crescer 3,5% este ano, enquanto a Zona do Euro deve permanecer estagnada e a Alemanha sofrer uma queda de 0,4%.

As sanções foram como um tiro que saiu pela culatra, além de expor a fraqueza e o declínio do Ocidente.
Em vez dos efeitos desejados pelo imperialismo ocorreu uma reorientação do comércio e das relações econômicas em geral realizadas pela Rússia, que ampliou sua parceria estratégica com a China, o Brics e países da África, Ásia, América Latina não alinhados com o imperialismo.

Outro efeito notório das sanções foi o enfraquecimento do padrão dólar, com a aceleração da busca de moedas alternativas para o comércio e os investimentos não só no interior do Brics, que foi ampliado, como de forma mais ampla entre diferentes países.

O yuan chinês, em contrapartida, sai fortalecido e desponta como o principal rival do dólar.
A cota do yuan chinês nas transações comerciais através do sistema de pagamentos internacionais Swift subiu para um máximo histórico de 5,8% em setembro, permitindo-lhe ultrapassar o euro e tornar-se a segunda moeda mais importante no comércio.