Em dezembro, 83,3% das negociações coletivas resultaram em aumento real dos salários

Enquanto durante o governo Bolsonaro os salários foram duramente arrochados no primeiro ano do governo Lula a situação dos trabalhadores é bem melhor, registrando-se uma recuperação parcial das perdas impostas na gestão do “mito” do neofascismo brasileiro.

No mês de dezembro, de 48 reajustes salariais registrados no Mediador do Dieese até 11 de janeiro, referentes à negociação de convenções e acordos coletivos das categorias com database em dezembro, cerca de 83,3% resultaram em ganhos acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE); e 16,7% tiveram apenas recomposição das perdas passadas.

Não foi registrado reajustes abaixo do INPC, mas o quadro do último mês de 2023 ainda pode ser alterado, devido ao baixo número de registros de dezembro. Em geral, são cadastrados mais de 200 resultados de negociações nessa database. Em 2022, por exemplo, foram 250.

Metade dos reajustes de dezembro computados até o momento pelo Dieese são de negociações dos metalúrgicos do Paraná. A variação real média dos reajustes é, até o momento, de 1,52% acima do INPC. O dado representa uma inflexão diante do observado nas quatro datasbases anteriores. O Dieese ressalva, porém, que é preciso relativizar a informação devido ao ainda baixo número
de registros de dezembro.

Inflação e salário mínimo

O resultado positivo tem muito a ver com a desaceleração da inflação, obtida após a mudança da política de preços da Petrobras – que permitiu um alívio nos gastos com combustível – e outras medidas adotadas pelo presidente Lula.

O reajuste necessário para zerar as perdas – equivalente ao INPC acumulado em 12 meses – segue em queda, chegando a 3,71% para as negociações com data-base em janeiro de 2024. Esse fator, assim como o aumento do salário mínimo, deve influenciar positivamente as negociações dessa data-base.

O painel parcial de 2023, com os primeiros números de dezembro, mostra
que 77% dos resultados analisados no ano alcançaram ganhos acima do INPC; 17,3%,
reajustes iguais a esse índice inflacionário e 5,7% ficaram abaixo dele. O painel é
composto por 19.531 reajustes salariais.
A variação real média no ano é, até o momento, igual a 1,11% acima do INPC.

Setores e regiões

Entre os setores econômicos analisados, a indústria se destaca, com aumentos reais em 82,2% dos reajustes, seguida pelo setor de serviços, com ganhos reais em 79%. O comércio vem em terceiro lugar, com resultados acima da inflação em 56,4% dos casos.

Em relação aos reajustes salariais abaixo do INPC, indústria e comércio apresentam percentuais parecidos (cerca de 5% cada), enquanto, nos serviços, o valor foi ligeiramente maior (6,7%).

Já por regiões, o percentual de resultados acima da inflação varia entre 70,9%, no Nordeste, e 81,2%, no Sudeste. Já os reajustes abaixo do INPC ficam entre 1,6%, no Sul, e 10,7%, no Norte.

Foto: Marcello-Casal-Jr-Agencia-Brasil