Na manhã desta terça-feira (06), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), junto a outras centrais sindicais, realizou um ato em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista, em São Paulo, para protestar contra a alta da taxa básica de juros. A manifestação teve início às 10h e reuniu lideranças sindicais, movimentos sociais e trabalhadores de diferentes categorias.
O protesto coincidiu com o início da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre nos dias 6 e 7 de maio, e que definirá a nova taxa Selic. Atualmente, a taxa está em 14,25% ao ano — nível considerado excessivamente elevado por entidades sindicais, que apontam os impactos negativos dos juros altos sobre o crescimento econômico, a geração de empregos e a vida da população mais vulnerável.
Durante o ato, o secretário-geral da CTB, Ronaldo Leite, alertou para os riscos de um novo aumento na taxa de juros, criticando a atuação do Banco Central:
“Mais uma vez, os trabalhadores estão aqui na Avenida Paulista, participando do ato contra os juros. Aqui em São Paulo e em várias cidades do país, contra as abusivas taxas de juros que o Banco Central lamentavelmente vem praticando.
E nas reuniões, ou melhor, na reunião que ocorre no dia de hoje e de amanhã, a expectativa é que o Banco Central aumente mais uma vez a taxa de juros e que nós podemos chegar a 14,75%.
Isso inibe o crédito, inibe o crescimento, inibe os empregos e prejudica, sobretudo, a classe trabalhadora.
É por isso que as classes sindicais, junto com os movimentos sociais, estão mobilizadas para mais uma vez estar aqui nas ruas, lutando para reduzir a taxa de juros.
Essa é a nossa luta e vamos seguir juntos.”
O vice-presidente nacional da CTB, Ubiraci Dantas (Bira), também se pronunciou de forma contundente:
“Companheiros e companheiras, eu ouvi várias vezes aqui dizer que o Galípolo é pitoteiro. Eu não acho que é só isso. Eu acho que é um entreguista.
Porque uma pessoa que preside o Banco Central do Brasil aumenta os juros para 14,25% e está pensando em aumentar amanhã mais meio, mais um por cento.
Um por cento a mais são 56 bilhões que saem do orçamento público para quem não produz um prego, companheiro.
Durante esses últimos 12 meses, foi entregue de mão beijada para o capital financeiro internacional mais de um trilhão de reais. Quase todo o orçamento do Brasil.
Aí, depois, fica pedindo para cortar recursos da saúde, da educação, para dar para os bancos.
Fica pedindo para reduzir o reajuste do salário mínimo, reduzir o Bolsa Família, reduzir o fundo da educação básica. Tudo isso para dar dinheiro para os bancos.
É preciso que o Ministério da Fazenda e da Economia deixem de dar dinheiro aos banqueiros e venham ao lado da nação e do povo brasileiro.É preciso investir em emprego decente. Esse negócio de dizer que estamos com pleno emprego, com gente carregando comida nas costas e não podendo comer, isso não é emprego decente.
Motoboys sem direito nenhum, isso não é emprego decente.Precisamos fortalecer a indústria de base, a indústria de máquinas, para gerar emprego e salário decente.
A indignação está aumentando. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura, companheiros.
E nós vamos ganhar essa luta com os estudantes, com os trabalhadores, com as mulheres — essas maravilhosas mulheres que lutam contra a carestia.
Como é que pode? Um quilo de café a 60, 70 reais. Estamos comendo pé de galinha.
Mas aqui tem gente disposta a lutar pelo nosso país.”
Rene Vicente, presidente da CTB-SP, também destacou o impacto social da política monetária atual:
“O ato realizado no dia de hoje pelas centrais sindicais em frente ao Banco Central na Avenida Paulista reflete a unidade e a luta pela redução da taxa de juros e por uma política nacional de desenvolvimento que traga geração de emprego para o povo brasileiro.
É nefasta essa política de juros que, a cada ponto que sobe, retira bilhões da vida dos trabalhadores e trabalhadoras nas áreas de saúde, educação, moradia, transporte público e várias outras necessidades diárias do povo brasileiro.
Então, as centrais sindicais reafirmam o seu posicionamento: menos juros, mais emprego.”
A mobilização desta terça-feira fez parte de uma série de ações promovidas por centrais sindicais em todo o país, reforçando o posicionamento contra a atual condução da política monetária pelo Banco Central e em defesa do desenvolvimento com justiça social.