Ainda é cedo para afirmar que a “velha ordem econômica global está morta”, como sugere o título do artigo do jornalista Martin Wolf, no Financial Times.
Restam, porém, poucas dúvidas de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está colaborando para acelerar o fim da ordem mundial costurada em 1944 na cidade de Bretton Woods (EUA), fundada na hegemonia de Washington, que caducou na sequência do declínio americano e está produzindo um cenário caótico.
Já parece mais do que evidente que a guerra comercial deflagrada pelo líder da extrema direita estadunidense, recheada de bravatas e recuos, não vai tornar os EUA “grandes novamente”, como prometeu o chefe da Casa Branca.
O governo Trump já voltou atrás em várias decisões e agora está sendo constrangido a pedir arrego à China.
Dada a estreita interdependência entre as duas economias, formada ao longo de décadas de relações comerciais, o tarifaço e outras medidas do gênero, recíprocas em função da reação chinesa, afetam tanto a China quanto os EUA.
A diferença é que a resiliência e o poder econômico de Pequim são hoje maiores.
O valor da produção da indústria chinesa supera o valor da produção conjunta dos EUA, Alemanha e Japão.
A principal fonte originária da riqueza e do poder econômico das nações é a indústria, não são os bancos que acumulam capital fictício.
A política errática de Donald Trump contribui para reduzir ainda mais a confiança na liderança dos Estados Unidos.
Os números do PIB no primeiro trimestre deste ano (recuo de -0,3%) sugerem que a economia dos Estados Unidos está a caminho de uma nova recessão.
Em vez de conter o avanço da China e reverter o processo de decadência dos EUA, a guerra comercial está acelerando o declínio do império e o fim da velha ordem mundial imperialista alicerçada na hegemonia do dólar.
Os povos do mundo não têm motivos para lastimar este destino, o risco é que os imperialistas de Washington decidam recorrer à supremacia militar para virar o jogo, o que pode culminar na Terceira Guerra Mundial.