O salário previsto na Carta Magna do país equivale a 5,03 vezes o mínimo vigente, de apenas R$ 1.518,00
O Dieese divulgou nesta quinta-feira (8) os dados de abril da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) e é com base neles que calcula, mensalmente, o salário necessário para contemplar a Constituição brasileira. Esta estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e de sua família (quatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças que equivalem a um adulto) com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
Entre março e abril, o custo da cesta básica aumentou em 15 das 17 capitais pesquisadas pelo órgão que assessora o movimento sindical brasileiro.
As cestas mais caras foram verificadas São Paulo (R$ 909,25), Florianópolis (R$ 858,20) e Rio de Janeiro (R$ 849,70). As mais baratas em Aracaju (R$ 579,93), Salvador (R$ 632,12) e João Pessoa (R$ 641,57).
Em abril de 2025, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 108 horas e 55 minutos, maior do que em março, quando ficou em 106 horas e 19 minutos. Já em abril de 2024, a jornada média foi de 109 horas e 55 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em abril de 2025, 53,52% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos e, em março, 52,24% da renda líquida. Em abril de 2024, o percentual ficou em 54,01%.
Comportamento dos preços dos produtos da cesta
• Em abril de 2025, o preço do café em pó subiu em todas as cidades pesquisadas. Os aumentos variaram entre 0,87%, em Goiânia, e 15,55%, em Vitória. Em 12 meses, todas as 17 capitais também apresentaram taxas positivas, com destaque para Vitória (137,04%), Goiânia (133,37%), Brasília (125,99%) e Porto Alegre (117,22%). A menor oferta global e as incertezas em relação ao tamanho e qualidade da próxima safra brasileira, devido aos impactos climáticos, explicaram as elevações do preço do grão nas bolsas de valores, impacto também sentido no varejo ainda em abril.
• A batata, pesquisada na região Centro-Sul, aumentou em todas as cidades, com variações entre 11,00%, em São Paulo, e 35,01%, em Porto Alegre. Em 12 meses, porém, todas as capitais apresentaram queda, com destaque para as variações de Porto Alegre (-33,79%) e Florianópolis (-28,31%). Houve redução na oferta de batatas, devido à desaceleração da colheita da safra das águas. Além disso, a produtividade e disponibilidade de tubérculos de boa qualidade também estiveram menores, reflexo das temperaturas muito elevadas.
• O preço do tomate aumentou em 15 das 17 capitais entre março e abril de 2025. As maiores taxas foram verificadas em Porto Alegre (51,99%), Vitória (34,28%), Natal (32,91%) e João Pessoa (27,05%). As quedas foram registradas em Belo Horizonte (-2,97%) e Brasília (-0,53%). Em 12 meses, o comportamento do preço do fruto foi diferenciado, com elevação em oito cidades, com taxas entre 3,61%, em Belém, e 19,83%, em Vitória. Houve redução em outros nove municípios, destacadamente em João Pessoa (-19,74%). A alta do valor do tomate ocorreu devido às chuvas, que atrapalharam a colheita, e ao clima mais ameno nas regiões produtoras, o que desacelerou o ritmo de maturação do fruto.
• O preço do quilo do pão francês aumentou em 12 capitais entre março e abril de 2025. As altas oscilaram entre 0,26%, no Rio de Janeiro, e 4,99%, em Vitória. As diminuições mais importantes ocorreram em Aracaju (-1,83%) e Salvador (-0,49%). Em 12 meses, o valor médio do quilo aumentou em quase todas as cidades pesquisadas, com destaque para as taxas de Porto Alegre (10,15%), Belo Horizonte (7,57%) e Salvador (7,24%). A redução ocorreu em Aracaju (-3,59%). As elevações resultaram da baixa disponibilidade doméstica de trigo nesse período de entressafra e do aumento das importações.
• A carne bovina de primeira subiu em 11 capitas, com variações entre 0,06%, em São Paulo, e 1,08%, em Florianópolis. Outras seis capitais apresentaram redução nos preços, com destaque para Salvador (-2,81%). Em 12 meses, a carne apresentou elevação em todas as cidades, sendo as maiores em Fortaleza (29,26%), Brasília (29,02%) e São Paulo (28,66%). A oferta limitada de animais para abate e a aquecida demanda externa elevaram os preços na maior parte das capitais.
• Em abril de 2025, o preço do arroz agulhinha diminuiu em todas as 17 cidades, com variações entre -7,26%, em Brasília, e -1,69%, em Florianópolis. Já, em 12 meses, as variações foram negativas em quase todas as cidades, com destaque para Brasília (-11,93%) e Curitiba (-10,88%). A maior oferta, o ritmo mais acelerado da colheita, o recuo nas cotações internacionais e os níveis de preços das importações reforçaram as quedas nos valores domésticos.
• O preço do óleo de soja diminuiu em 14 capitais. As reduções oscilaram entre -6,04%, em Belém, e -0,26%, em Goiânia. As altas ocorreram em Vitória (0,50%), Fortaleza (0,45%) e Aracaju (0,12%). Em 12 meses, o valor médio do óleo de soja acumulou alta em todas as cidades, com destaque para as variações de Vitória (40,95%), Goiânia (36,54%) e Campo Grande (36,31%). As cotações da soja caíram em consequência do avanço da colheita no Brasil (principal produtor e maior exportador mundial do produto) e dos elevados estoques nos Estados Unidos.