Adilson Araújo defende fortalecimento da comunicação sindical em fala no 3º Encontro Nacional da Rede CTB

Nesta sexta-feira (16), foi realizado o 3º Encontro Nacional da Rede CTB, reunindo lideranças e profissionais da comunicação sindical de diversas regiões do país. O evento contou com a participação remota do presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, que fez uma intervenção contundente sobre o papel estratégico da comunicação na luta de classes e na consolidação de uma rede colaborativa nacional.

Em sua fala, Adilson destacou que o movimento sindical vive um momento pontual. “A gente está atravessando um período de transição importante”, afirmou, ao mencionar o processo de realização das etapas estaduais dos congressos da CTB, que devem culminar em um grande encontro nacional entre os dias 7 e 9 de agosto, completando 27 etapas estaduais.

Ele relembrou os efeitos da Lei 13.467/2017, que aprofundou a precarização do trabalho e inaugurou, segundo ele, a “era da reinversão do trabalho”. Adilson também criticou os retrocessos que se intensificaram a partir do golpe de 2016 e a narrativa dominante criada pela Operação Lava Jato. “A gente enxergava a necessidade de uma outra posição àquela narrativa”, disse, mencionando o esforço da CTB em criar um selo editorial voltado à consciência de classe.

Comunicação como ferramenta de resistência

Para o presidente da CTB, pensar em comunicação sindical é mais do que necessário diante da conjuntura atual. “Estamos em uma disputa muito desigual. Não temos domínio das mídias, dos algoritmos, estamos defasados tanto no plano real quanto no plano subterrâneo”, afirmou. Adilson apontou que, mesmo com avanços históricos — como a ampliação da massa salarial entre 2005 e 2015 —, o movimento sindical falhou em politizar o debate sobre essas conquistas.

A fala também trouxe uma crítica ao corporativismo de parte do sindicalismo brasileiro: “O movimento sindical sempre foi corporativo — e aguça esse corporativismo nos momentos de crise. Estamos fazendo comunicação olhando para o nosso próprio umbigo”, alertou.

Adilson convocou os sindicatos a assumirem uma postura mais integrada, coletiva e estratégica. Citando o exemplo do sindicato dos comerciários do Rio de Janeiro, que lidera a campanha pelo fim da escala 6×1, ele defendeu que iniciativas locais sejam nacionalizadas por meio da rede: “Por que essa não pode ser uma campanha nacional da CTB?”

Rede colaborativa e projeto nacional de comunicação

Hoje, a CTB representa 1.406 sindicatos — quase mil deles devidamente reabilitados no MTE — e cerca de nove milhões de trabalhadores. Essa base, segundo Adilson, precisa estar interligada por uma rede de comunicação nacional coesa, democrática e estratégica.

“Temos uma produção editorial diversa. Mas, se somos uma rede, por que temos 50 jornalistas muitas vezes escrevendo sobre o mesmo tema, como a taxa de juros?”, questionou. Ele defendeu a criação de um projeto nacional de comunicação sindical, com reuniões de pauta integradas e distribuição coordenada de temas. “Rede é justamente isso: adaptar-se a uma nova realidade, que exige menos individualismo e mais coletividade”, afirmou.

Experiências internacionais e perspectivas

O dirigente também compartilhou experiências internacionais que vêm inspirando a central, como a visita recente ao Vietnã e o intercâmbio com a Federação Sindical Mundial. “A pétala da Ásia desbrava potencialidades frente ao desafio impiedoso de ter derrotado o imperialismo norte-americano”, disse, defendendo que os modelos de desenvolvimento centrados na valorização do trabalho devem ser estudados com profundidade.

Adilson finalizou conclamando os sindicatos a assumirem com humildade e responsabilidade a tarefa da disputa de narrativas: “A gente precisa das nossas ferramentas, das nossas mídias. A central sindical vai cumprir um papel estratégico fundamental nesse debate”.

O encontro reforçou a importância de se investir em comunicação como instrumento de organização, resistência e transformação social — e de que o fortalecimento da Rede CTB passa por ampliar a atuação colaborativa, com visão estratégica e compromisso coletivo.

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