O Sindicato dos Trabalhadores em Saneamento e Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Sintsama-RJ) está mobilizado contra a nova tentativa de privatização da Cedae, uma das principais empresas públicas de saneamento do estado. Em resposta à abertura de capital da companhia, que pode significar a entrega definitiva da estatal ao setor privado, o sindicato lançou um abaixo-assinadoonline e convocou a população fluminense a aderir à campanha em defesa da Cedae pública.
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“Água não pode ser mercadoria. Vamos derrotar a entrega da Cedae para as mãos privadas. Vamos defender a Cedae pública!”, afirma o chamado da campanha.
Na última quinta-feira (15), o Sintsama realizou um ato em frente à sede da Cedae, no Rio de Janeiro, reunindo sindicatos, movimentos sociais e moradores de diversas comunidades afetadas pela precarização do serviço de abastecimento desde a privatização parcial da empresa, em 2021.
Durante a manifestação, o presidente do sindicato, Vitor Duque, fez duras críticas aos efeitos da entrega dos serviços de água e esgoto para a iniciativa privada:
“Nós estamos vendo, Brasil afora, o mal que está fazendo as privatizações do setor de saneamento. Há investimentos apenas onde se identifica retorno imediato. Em locais mais pobres, com baixo IDH, sobretudo nas comunidades, a classe trabalhadora sofre com a falta d’água, aumento das tarifas e desestrutura dos serviços. E tudo isso, pior, com dinheiro público. O BNDES vem emprestando recursos para que empresas privadas comprem estatais e as sucateiem”, denunciou.
Privatização fatiada
A primeira parte do processo de privatização da Cedae aconteceu em 2021, com o leilão de três dos quatro blocos da estatal, arrematados por empresas privadas por R$ 22,6 bilhões, no maior leilão de concessão de serviços de água e esgoto já realizado no país. O processo contou com apoio do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Cláudio Castro (PL).
Na época, a captação e o tratamento da água permaneceram públicos, mas a distribuição e manutenção passaram às mãos de empresas privadas. Agora, o governo estadual pretende avançar ainda mais, ameaçando a parte que restou sob controle estatal.
No início de 2024, a Cedae publicou um edital de licitação para contratar estudos que avaliem “alternativas ao modelo de negócios da empresa”, abrindo caminho para uma nova etapa de desmonte da estatal.
Impactos para a população
O Sintsama e as entidades parceiras alertam que a privatização total da Cedae deve agravar ainda mais os problemas enfrentados pela população, especialmente nas periferias e comunidades. Desde a concessão, as queixas de aumento abusivo nas tarifas, falhas no abastecimento e ausência de manutenção se multiplicaram — com destaque para as regiões mais pobres, onde o lucro não é garantido e, por isso, os investimentos são escassos.
Além disso, o sindicato destaca a contradição do uso de recursos públicos, via BNDES, para subsidiar o avanço da iniciativa privada sobre serviços essenciais.
Mobilização e resistência
A luta em defesa da água como direito e não como mercadoria está no centro da campanha do Sintsama. Com o abaixo-assinado e os atos públicos, o sindicato busca ampliar a mobilização sociale pressionar o governo estadual a recuar do plano de privatização.
“Precisamos impedir que o que restou da Cedae seja entregue de bandeja. A água é um bem essencial, e sua gestão deve continuar sendo pública, universal e transparente”, conclui o presidente Vitor Duque.
A mobilização continua nas ruas e nas redes. Assine, compartilhe e participe.