Cleber Rezende, presidente da CTB Pará, participou nesta segunda-feira, 2 de junho, da abertura do 3° Treinamento em Mecanismos Internacionais: SST e Negociação Coletiva, promovido pela ICM – Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira, no Hotel Princesa Louçã, no centro de Belém (PA).
Na ocasião, Cleber Rezende apresentou a palestra “Análise de conjuntura na realidade socioeconômica amazônica: a importância dos setores florestal e madeireiro, condições de vida e trabalho na Amazônia internacional e os desafios da ação sindical diante da realização da COP-30”.
Durante sua intervenção, Rezende destacou os enormes desafios enfrentados pela ação sindical na região amazônica, marcada por mais de 7 milhões de km², com complexidades territoriais e adversidades geográficas. A área abrange cerca de 50 milhões de pessoas em nove países, com vasto bioma, rica fauna e flora, mas severas carências de uma rede de proteção social à classe trabalhadora. Segundo ele, a região sofre com graves violações de direitos sociais, trabalhistas e humanos, além da violência que atinge sindicalistas, ativistas ambientais e sociais.
Apesar da sua imensa riqueza em biodiversidade vegetal, animal e mineral, a Amazônia convive com relações de trabalho precárias, trabalho análogo à escravidão e infantil, alta informalidade, baixos salários e miséria.
Para Cleber Rezende, fazer sindicalismo na Amazônia exige o fortalecimento de uma rede de proteção social baseada em sindicatos combativos e na presença efetiva das instituições do Estado. Ele defende uma estratégia que combine o desenvolvimento socioeconômico sustentável com a proteção ambiental e a promoção da justiça social, tendo como eixos centrais o trabalho digno, a transição justa e a redução das desigualdades sociais e regionais.
No contexto da realização da COP-30, que ocorrerá em Belém, o presidente da CTB Pará destacou que o movimento sindical amazônico deve articular uma agenda voltada ao desenvolvimento sustentável, à valorização do trabalho decente e ao fortalecimento das remunerações na região. Ressaltou ainda a importância de ampliar os órgãos de fiscalização e a rede de proteção social, garantir recursos para investimentos sustentáveis — com a destinação de pelo menos 30% dos recursos do Fundo Clima para manejos sustentáveis — e fortalecer as entidades sindicais por meio da ampla sindicalização.
Por fim, Cleber Rezende defendeu a construção de uma pauta unificada do mundo do trabalho a ser apresentada aos chefes de Estado durante a COP-30, garantindo a presença das demandas trabalhistas nas deliberações e negociações dos governos participantes do evento internacional.
