A agressão israelense foi classificada pelo Irã como uma ‘declaração de guerra’, Teerã prometeu retaliação
A madrugada desta sexta-feira (13) marca um novo capítulo na escalada da tensão no Oriente Médio com ataques lançados por Israel contra o Irã. Chefes militares e cientistas do país persa estão entre os mortos já confirmados. Os bombardeios teriam como alvos instalações militares e nucleares, mas também atingiram áreas residenciais, segundo a imprensa local.
A agressão israelense foi classificada pelo Irã como uma “declaração de guerra”, acompanhada da promessa de retaliação “sem limites por Teerã”. “O regime terrorista que ocupa Al Quds (Jerusalém) cruzou todas as linhas vermelhas”, diz comunicado das Forças Armadas iranianas.
Em resposta, o Irã lançou cerca de 100 drones em direção a Israel, de acordo com o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), Effie Defrin. “Todos os sistemas de defesa aérea estão operando para interceptar as ameaças”, disse nesta sexta-feira.
A intensificar mais uma ofensiva militar, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alega que o Irã estaria próximo de conseguir uma arma nuclear. O Exército israelense afirma que “informações de inteligência acumuladas nos últimos meses forneceram evidências de que o regime iraniano está se aproximando do ponto de não retorno”.
O argumento de Israel é refutado pelo Irã. O país afirma que o urânio enriquecido é utilizado para abastecer usinas nucleares que fornecem energia elétrica à população.
O ataque
Na madrugada desta sexta, as Forças de Defesa de Israel atingiram dezenas de alvos no território iraniano. Explosões foram registradas em Teerã e em outras cidades do país, sob o argumento de impedir o avanço do programa nuclear iraniano.
Segundo veículos estatais iranianos, novos ataques nesta sexta atingiram uma usina nuclear em Natanz, no centro do país, considerada “o coração do programa de enriquecimento” de urânio. Um aeroporto militar em Tabriz, no noroeste, também foi atingido.
ONU condena ataques a instalações nucleares
O diretor-geral do organismo de vigilância nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU), Rafael Grossi, afirmou nesta sexta-feira (13) que as instalações nucleares “nunca devem ser atacadas”. Ele pediu às partes “moderação máxima para evitar um agravamento maior”.
“Qualquer ação militar que coloque em risco a segurança das instalações nucleares tem graves consequências para o povo do Irã, a região e além”, afirmou em um comunicado o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Mortos e feridos
Até o momento, pelo menos 95 pessoas ficaram feridas. Entre os mortos estão o general Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã e Hossein Salami e Gholam Ali Rashid, ambos da Guarda Revolucionária do Irã.
Seis cientistas nucleares também estão entre os mortos: Fereydoon Abbasi, ex-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Mohammad Mahdi Tehranchi, vinculado ao programa de armas nucleares, Abdulhamid Minouchehr, chefe de engenharia nuclear da Universidade Shahid Beheshti, Ahmad Reza Zolfaghari e Amirhossein Feqhi, professores de engenharia nuclear, e um sexto cientista que ainda não teve a sua identidade divulgada oficialmente.
Negociações sobre programa nuclear
O ataque ocorreu israelense durante as negociações entre Washington e Teerã sobre o programa nuclear iraniano. Na semana passada, Ali Khamenei rechaçou de forma dura os termos apresentados pelos Estados Unidos, que exige o fim do enriquecimento de urânio.
“A proposta apresentada pelos americanos é 100% contrária ao lema ‘nós podemos’”, declarou o aiatolá Khamenei, em referência aos pilares da Revolução Islâmica de 1979 sobre a independência do país.
Após os ataques, o republicano afirmou nas redes sociais que o Irã deve fechar um acordo “antes que seja tarde demais”, caso contrário haverá mais “morte e destruição”.
“Já houve muita morte e destruição, mas ainda há tempo para fazer com que este massacre, com os próximos ataques já planejados sendo ainda mais brutais, talvez”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social. “É preciso que o Irã feche um acordo, antes que não reste nada. APENAS FAÇAM, ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS”, acrescentou.
O presidente estadunidense afirmou, no entanto, que os EUA não tiveram participação no ataque contra o Irã.
Na TV estatal, o porta-voz das Forças Armadas iranianas, general Abolfazl Shekarchi, afirmou que americanos e israelenses vão pagar um preço alto pelos bombardeios.
*Brasil de fato com AFP