A crise que incendeia o Oriente Médio escalou novas alturas após os bombardeios dos Estados Unidos contra o Irã no sábado (21) determinados pelo governo neofascista de Donald Trump. A CTB denuncia esta ação criminosa do imperialismo estadunidense, assim como os bombardeios covardes de Israel, ao mesmo tempo em que manifesta sua solidariedade ao povo e ao governo iranianos e exige o imediato cessar fogo na região e o fim do genocídio na Faixa de Gaza.
A máquina de propaganda imperialista, cínica e mentirosa, procura inverter os fatos e os papéis dos atores envolvidos, transformando agredido em agressor (e vice-versa), apresentando o Irã como uma ameaça aos EUA e Israel e o governo daquele país como o “valentão do Oriente Médio”, em vez de vítima de mais um abominável crime neocolonialista.
Inversão dos fatos
É uma tentativa de mascarar o crime imperialista, que viola o direito internacional e a soberania de um país que segue resistindo valentemente à ofensiva neocolonialista. Donald Trump à frente da Casa Branca e o genocida Benjamin Netanyahu, chefiando o governo sionista de Israel, configuram hoje uma ameaça à paz mundial e à humanidade.
Herdeiro de uma civilização milenar, sucessor da antiga Pérsia, ao longo de sua existência nos séculos 20 e 21 o Irã nunca invadiu, agrediu ou violou a soberania de nenhum país, restringindo o uso de suas forças armadas à defesa contra hostilidades externas. Diferentemente dos Estados Unidos, que mantêm 19 bases militares no Oriente Médio, e de Israel, que funciona como uma ponta de lança do imperialismo na região e promoveu inúmeras guerras expansionistas e agora o genocídio do povo palestino.
Cobiça imperialista
A cobiça imperialista sobre a riqueza petrolífera do Irã fez do país um alvo recorrente das grandes potências capitalistas, destacadamente dos EUA e da Inglaterra. Em 1953, a CIA e o M16 (agências de espionagem e sabotagem estadunidense e britânica) destruíram a jovem democracia iraniana comandada pelo primeiro-ministro Mohammed Mossadegh, um estadista cujo “crime” foi nacionalizar a produção de petróleo.
No lugar do líder democrata, as duas potências imperialistas instalaram o regime monarquista de Maomé Reza Pálavi, que entregou o petróleo a um consórcio anglo-americano e se baseou fortemente no apoio dos Estados Unidos para se manter no poder até ser derrubado pela revolução anti-imperialista que explodiu em fevereiro de 1979 sob a liderança do aiatolá Khomeini.
Guerra contra Irã e depois Iraque
Entre 1980 e 1988, os Estados Unidos estiveram por trás de uma guerra por procuração desencadeada pelo Iraque contra o Irã, em que manipularam e exploraram as ambições expansionistas do então ditador do Iraque, Saddam Hussein, que mais tarde seria caçado e executado de forma indigna, no ano de 2006, no interior de uma base americana pelos aliados do imperialismo alçados ao poder depois da invasão e destruição do país pelos EUA em 2003.
A guerra movida por Washington, sob o pretexto mentiroso de que Saddam possuía “armas de destruição em massa”, deixou um saldo estimado em mais de meio milhão de iraquianas e iraquianos mortos, a grande maioria constituída de civis inocentes. A destruição no Iraque foi em grande escala. Na sequência deste crime, o imperialismo cuidou de destruir a Líbia e a Síria, condenando esses dois países árabes, antes prósperos, ao caos e à anarquia.
Nova ordem mundial
O incêndio provocado pelos EUA e por Israel no Oriente Médio aproxima perigosamente o mundo de uma Terceira Guerra Mundial que tem o potencial de abortar a aventura humana. Presenciamos mais um episódio que traduz a decomposição da ordem capitalista internacional fundada na hegemonia dos EUA e no imperialismo do chamado Ocidente. A falência das instituições desta ordem caduca e decadente é notória, conforme sugere a impotência da ONU ou da OMC diante da insana guerra comercial.
Em contraposição ao caminho da barbárie a que a humanidade está sendo conduzida pelo imperialismo, a CTB reitera a defesa de uma nova ordem global baseada no efetivo multilateralismo, no respeito ao sagrado direito das nações à autodeterminação, solução pacífica dos conflitos internacionais e desenvolvimento compartilhado e soberano orientado para o combate às desigualdades e erradicação da fome e da miséria.
A insanidade não pode prosperar. É fundamental que a razão e o bom senso triunfem levando ao cessar fogo na região e à imediata interrupção do genocídio em curso na Faixa de Gaza.
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)