Brasil assume presidência do Mercosul, e Lula rebate Milei: ‘precisamos fortalecer o bloco’

Lula e Milei posaram lado a lado para a foto focial da cúpula - Luis ROBAYO / AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu nesta quinta-feira (3) a presidência do Mercosul. Durante a cúpula do bloco em Buenos Aires, o brasileiro disse que é preciso fortalecer o bloco enquanto uma plataforma não só comercial, mas de desenvolvimento tecnológico, agrícola e de segurança.

Lula defendeu que a participação no grupo protege os países e as economias latino-americanas. De acordo com ele, a América do Sul se tornou uma “área de livre comércio baseada em regras claras e equilibradas”.

“Conseguimos criar uma rede de apoio. Estar no Mercosul nos protege. Nossa tarifa externa comum nos blinda de guerras comerciais. Não à toa há um número cada vez maior de países querendo parcerias conosco. A presidência brasileira representa uma oportunidade para refletir sobre o espaço que queremos ocupar no tabuleiro geopolítico”, afirmou.

A fala foi uma resposta à abertura feita pelo mandatário argentino, Javier Milei. O ultraliberal disse que era preciso flexibilizar as regras do bloco e ameaçou deixar de seguir as normas do Mercosul se os países não adotassem postura mais liberal. De acordo com ele, as barreiras econômicas que “foram criadas para nos proteger acabaram nos excluindo”.

No entanto, Lula afirmou que uma de suas metas na presidência do bloco é acelerar a aprovação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Ele disse estar confiante de que os acordos com a bloco europeu e a Efta (grupo composto por Suíça, Liechtenstein, Noruega e Islândia) serão assinados até o final do ano.

Ainda de acordo com o presidente, a participação do bloco nas cadeias globais de produção será benéfica para as indústrias locais, ainda mais considerando uma maior aproximação com a Ásia.

Durante seu discurso, Lula afirmou que países tanto do Norte quanto do Sul Global reconhecem a importância, a força e o papel do Mercosul na região e o bloco precisa se aproveitar dessa aproximação, colocando regras e exigindo “transferência de tecnologia”.

“Mercosul ampliado é a melhor ferramenta para aproximar e coordenar políticas nacionais. É fundamental garantir as regras para que sejamos beneficiados em nossos territórios com transferência de tecnologia e geração de emprego e renda. Novas tecnologias estão concentradas em um pequeno grupo. O Brasil quer transformar o Mercosul em um polo de tecnologia capaz de atender a população”, disse.

Ele terminou o discurso afirmando que os projetos de infraestrutura nacionais serão beneficiados por essa política e reforçou a necessidade de uma maior conexão para a segurança dos países. Citou a necessidade de combater o crime organizado, tanto na corrupção, tráfico de drogas como crimes ambientais e financeiros.

Relações comerciais no Mercosul

Conforme o Itamaraty, de janeiro a maio de 2025, o intercâmbio entre os países do Mercosul alcançou os US$ 17,5 bilhões (R$ 94 bi). As exportações brasileiras para os países do bloco superaram os US$ 10,2 bilhões e as importações, US$ 7,2 bilhões, resultando em um superávit de US$ 3 bilhões (R$ 16 bi) para a economia brasileira.

Os principais produtos importados pelo Brasil são veículos automotores para transporte de mercadorias e de passageiros, trigo e centeio não moídos e energia elétrica. Por outro lado, o país exporta para os países do bloco veículos de passageiros e mercadorias, partes e acessórios desses veículos, demais produtos da indústria de transformação, minério de ferro, entre outros.

Aperto de mãos e visita a Kirchner

Lula recebeu a presidência do Mercosul de Javier MIlei. Essa foi a primeira visita do brasileiro ao país vizinho desde que o ultraliberal assumiu o mandato em Buenos Aires, em dezembro de 2023. O petista já era presidente, mas não foi à posse de Milei.

Na chegada de Lula, os dois apertaram as mãos em um primeiro contato. O brasileiro não terá uma reunião bilateral com a Casa Rosada, apenas os ministros da Fazenda dos dois, Fernando Haddad (Brasil) e Luis Caputo (Argentina) se encontraram.

O presidente do Brasil deve fazer uma visita a ex-presidente Cristina Kirchner nesta quinta-feira. Ela cumpre prisão domiciliar após ser acusada de corrupção. Analistas, no entanto, indicam que houve falta de provas apresentadas pela Justiça.

Informações: Brasil de Fato.

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