Adilson Araújo, presidente da CTB
À frente de um império em franca e irreversível decadência, o bilionário Donald Trump se acha o tal e se comporta como o imperador do mundo, semeando ameaças e agressões às demais nações.
O tarifaço que anunciou contra o Brasil, a pretexto de defender o falso patriota Jair Bolsonaro, é uma medida despropositada temperada por Fake News.
Golpista fracassado
Ao contrário do que Trump alega na carta que endereçou ao presidente Lula e reitera nas redes sociais, Bolsonaro não é um político inocente, vítima de uma caça às bruxas.
O chefe do neofascismo brasileiro é um golpista fracassado, cujo apoio à ditadura militar e à tortura é mais do que notório.
É hoje réu no Supremo Tribunal Federal num ritual televisionado que respeita rigorosamente o princípio do devido processo legal, ao contrário do que ocorreu com Lula durante a Lawfare que foi a Operação Lava Jato conduzida por Sergio Moro.
Bolsonaro com tornozeleira
Os frenéticos e ruidosos movimentos de Bolsonaro para reverter a derrota eleitoral através de um golpe de Estado – incluindo o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes – deixaram um vasto rastro de provas, além da delação do tenente-coronel Mauro Cid.
Para evitar o risco de fuga, por recomendação da Polícia Federal e determinação do juiz Alexandre de Moraes ele já está usando tornozeleira eletrônica, terá de se recolher às 19 horas, não poderá falar com Eduardo Bolsonaro, que conspira contra o Brasil em Washington, nem usar as redes sociais.
Bolsonaro é investigado pela PF pelos crimes de coação no curso do processo, obstrução à Justiça e ataque à soberania nacional, o que orientou a decisão de Moraes, que já foi referendada pela Primeira Turma do STF.
Mentiras na carta a Lula
Também é falsa a alegação trumpista de que os Estados Unidos têm uma relação comercial deficitária com o Brasil, quando as estatísticas demonstram o contrário: entre o ano 2020 a 2024 eles acumularam um superávit equivalente a US$ 30,3 bilhões no comércio bilateral com nosso país.
No 1º semestre de 2025, o lucro dos Estados Unidos nas trocas de mercadorias com o Brasil alcançou US$ 1,7 bilhão, o que configura um crescimento de aproximadamente 500% em comparação com o mesmo período de 2024.
Ameaças ao Brics
Como se nada disto bastasse, o atual ocupante da Casa Branca redobrou a ameaça de ampliar a guerra comercial contra o Brics elevando em 100% as tarifas dos países que integram o bloco, o que foi repetido pelo chefe da Otan, que nomeou China, Brasil e Índia como alvos da fúria protecionista do Ocidente por se negarem a aderir às sanções contra a Rússia.
Na verdade, Donald Trump é a cara sem máscara de uma ordem imperialista em decomposição e já não procura disfarçar a arrogância e o intervencionismo imperial com narrativas falsas sobre democracia e direitos humanos.
O problema para Trump é que seu país já não tem mais o poder econômico que possuía após a segunda guerra mundial, quando os EUA chegaram a representar mais de 50% do PIB mundial.
De acordo com o mais recente relatório World Economic Outlook, divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2024 a economia estadunidense representava apenas 14,84% do produto global medido em paridade de poder de compra, ao passo que a China respondia por 19,29%.
Corrida armamentista
A esfera em que o poder norte-americano é indiscutivelmente superior é a militar, uma vez que os gastos com armas promovidos por Washington corresponde a mais de 40% dos dispêndios militares globais.
A militarização da economia capitalista nas potências ocidentais é uma triste realidade que foi reforçada pelas pressões do presidente americano para que as potências europeias aumentem o orçamento militar de 2% para 5% do PIB, o que foi aprovado na última cúpula da OTAN, apesar da oposição da Espanha.
Configura-se uma perigosa corrida armamentista que se reflete no fato de que os atuais líderes do mercado de capitais na Europa e na América são empresas militares, num sinal do que os economistas designam de keynesianismo militar.
O desenvolvimento em ritmo frenético da indústria da morte constitui, provavelmente, a mais grave ameaça com que se defronta a civilização humana nesta sombria quadra histórica.
A decadência do Ocidente, um fenômeno objetivo decorrente das contradições inerentes ao capitalismo e à ordem imperialista, em contraposição à ascensão da China e do Brics, conduz o mundo a uma transição para um novo arranjo geopolítico global.
Risco de guerra nuclear
A reação insana a este movimento objetivo da história e a tentativa desesperada de manter o status quo imperialista, traduzida na retórica irrealista de Donald Trump (Make America Great Again – Torne a América Grande Novamente), é uma ameaça à segurança e à paz mundial.
Não é de estranhar que, em meio às águas turvas da história, historiadores e analistas voltem a alertar para a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial, uma guerra nuclear que a julgar pela capacidade destrutiva acumulada pelas grandes potências teria claramente o potencial de provocar o fim prematuro da aventura humana neste mundo.
Para evitar a tragédia, urge intensificar a luta em defesa da paz, do sagrado direito dos povos e nações à autodeterminação e de uma nova ordem mundial efetivamente multilateral, orientada para o desenvolvimento compartilhado, a erradicação da fome, a valorização do trabalho e a solução pacífica de eventuais conflitos internacionais.
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