Por Adilson Araújo, presidente da CTB
Não se trata de um episódio da novela “Quem matou Odete Roitman?”, novo remake da Globo da novela Vale Tudo exibida em 1988, mas do julgamento do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal por liderar a trama golpista contra o Estado Democrático de Direito.
Cenas do filme “Os 8 condenados”, agora protagonizado por Jair, vão desenhar os últimos capítulos do drama em destaque no Plenário do STF a partir desta terça-feira (2).
Vale registrar que no final do ano passado novos e sinistros detalhes sobre a empreitada golpista vieram à tona, revelando que oficiais militares planejaram o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes, sempre com o aval de Bolsonaro, que tremendo a prisão covardemente passou a clamar por anistia e “pacificação”.
Constraste
O contraste com a conduta altiva e intrépida do presidente Lula ao enfrentar o julgamento, a condenação injusta e a prisão determinada pelo ex-juiz Sergio Moro, é notório, cabendo aqui lembrar que Moro atuou como um agente dos EUA à frente da Lawfare Lava Jato e foi desmascarado posteriormente pelas revelações da Vaza Jato.
Fazendo coro à ofensiva das big techs contra o Brasil, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) viajou aos EUA posando de vítima de “perseguição política” e apelando à intervenção imperialista contra nosso país, o que deu origem ou pretexto para o tarifaço imposto por Trump.
Bolsonaro em vias de ser preso, chegou a alardear que “avisou ao Donald Trump” sobre a parceria Brasil/China que, em sua desqualificada opinião, visaria a construção de bombas atômicas.
Traição à pátria
O líder do neofascismo brasileiro chegou ao ponto de declarar: “nós sabemos que o problema do Brasil não vai ser resolvido internamente, tem que ser resolvido com apoio de fora”.
De um lado, tais declarações expressam notório desespero diante da perspectiva de prisão, mas de outro evidenciam o caráter antipatriótico do bolsonarismo e a tentativa inescrupulosa de manipular com Fake News o conflito geopolítico entre Washington e Pequim contra a soberania nacional do Brasil.
Diante desses fatos gravíssimos, que configuram traição à pátria e atentados à soberania, a PGR instalou investigação criminal do filho do ex-presidente por “lesa-pátria” e conspiração com autoridades norte-americanas contra autoridades brasileiras.
Eduardo Bolsonaro deve ser cassado
Eduardo Bolsonaro pode ter também o passaporte suspenso e é motivo de vergonha nacional o fato do seu mandato na Câmara Federal ainda não ter sido cassado, o que mostra a força da extrema direita e do complexo de vira-lata no Congresso.
Não é admissível anistiar golpistas, inocentar aqueles que planejaram o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre Moraes. Seria estimular a impunidade, fortalecer o golpismo e dar carta branca aos bolsonaristas para praticar novos crimes contra a democracia.
A consolidação e o fortalecimento da democracia brasileira e também da soberania nacional passam necessariamente pela condenação e punição rigorosa dos líderes golpistas, que deve ser a orientação do julgamento iniciado na manhã desta terça-feira em Brasília.
Cumpre levantar a bandeira “Sem Anistia”, exigir a rigorosa punição da empreitada golpista, a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro, a prisão de Jair Bolsonaro (hoje com tornozeleira eletrônica e em prisão domiciliar), bem como a condenação e punição exemplar dos demais líderes golpistas e traidores da pátria.
