Entre os dias 16 e 21 de novembro, uma delegação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) esteve em Pequim para participar do Intercâmbio Sindical Internacional, promovido pela ACFTU (Federação Nacional dos Sindicatos da China). O encontro reuniu lideranças sindicais de diferentes países para debater os desafios contemporâneos do mundo do trabalho e trocar experiências sobre organização sindical.
Representaram a CTB no evento o vice-presidente da CTB Bahia, Hermelino Neto, o presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Márcio Ayer, a dirigente da Fitmetal, Eremi Melo, e o secretário adjunto de políticas para a economia do mar da CTB, José Antunes.
Tecnologia e trabalhadores no centro do debate
Durante a agenda, os sindicalistas visitaram a H3C, empresa chinesa de referência em soluções digitais e tecnologia da informação. O objetivo da visita foi compreender como a inteligência artificial vem sendo aplicada para aumentar a produtividade e a eficiência.
Segundo José Antunes, os representantes da CTB reforçaram que a digitalização deve ser conduzida com responsabilidade social:
“Deixamos claro nossas preocupações sobre o uso da inteligência artificial sem a inclusão dos trabalhadores. Não somos contra o uso da tecnologia, mas ela precisa servir aos homens e mulheres, gerando benefícios concretos para quem produz.”
Antunes também destacou o suporte oferecido aos trabalhadores na China. Em Hangzhou, por exemplo, existem cerca de 300 estações de atendimento que oferecem refeições nutritivas a preços acessíveis, além de água, livraria, locais de descanso e banheiros. “Na China são cerca de 170 mil locais como esses”, ressaltou.
Desenvolvimento e direitos trabalhistas
Para o presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Márcio Ayer, a experiência evidenciou diferenças marcantes entre os modelos de desenvolvimento do Brasil e da China:
“No Brasil, o processo de industrialização tardio resultou em concentração de renda, desigualdades regionais e favelização. A China, embora também tenha iniciado tardiamente seu desenvolvimento industrial, conseguiu ordenar melhor esse processo, distribuindo renda, ampliando direitos e mantendo, há quase 40 anos, uma taxa de desemprego próxima de 5%, ou seja, uma situação de quase pleno emprego.”
Ayer também comparou o tratamento dado aos trabalhadores de aplicativos:
“Enquanto no Ocidente a revolução digital tem aprofundado a precarização e formas de exploração semelhantes a uma releitura da escravidão assalariada, na China há leis específicas que garantem dignidade a esses profissionais.”
Cooperação internacional

O vice-presidente da CTB Bahia, Hermelino Neto, ressaltou a importância da troca de experiências proporcionada pelo intercâmbio:
“Agradecemos a oportunidade deste diálogo, que nos permitiu compartilhar experiências sobre a modernização chinesa e discutir temas centrais para o mundo do trabalho. Esse diálogo social reforça nossa capacidade de enfrentar juntos os desafios da globalização, da digitalização e das rápidas transformações em curso.”