Por: Adilson Araújo – Presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Vivemos um momento de grandes transformações globais, onde, ao mesmo tempo em que surgem novos desafios, também se abrem oportunidades para a classe trabalhadora e os povos oprimidos. Estamos no meio de uma crise geopolítica e de uma transição mundial, em que a velha ordem imperialista, liderada pelos Estados Unidos, está em declínio, enquanto novas potências, como a China e os países do BRICS, ganham força.
O enfraquecimento do poder dos Estados Unidos e dos países do G7 é um reflexo do desenvolvimento desigual das economias, com a desindustrialização no Ocidente e a ascensão de potências do Sul Global. Em contraste, o BRICS – que inclui o Brasil – segue crescendo e consolidando sua força. Em 2024, o bloco representou 35% da economia global, enquanto o G7 ficou com 30%.
Esses números mostram claramente a mudança no eixo do poder econômico, especialmente quando observamos a China, cuja produção industrial já é três vezes maior que a dos EUA, e muito superior à de Japão e Alemanha. Esse deslocamento do poder econômico está remodelando a geopolítica mundial e colocando em movimento uma nova ordem global.
Porém, essa mudança não acontece sem resistência. Os Estados Unidos, liderados por figuras como Donald Trump, ainda buscam manter sua hegemonia, o que se traduz em políticas agressivas contra países que desafiam seu domínio, como os membros do BRICS. A postura de Trump, com suas ameaças e sanções, é um reflexo da tentativa do imperialismo de se manter no comando, mesmo quando enfrenta seu declínio histórico.
Estamos testemunhando um momento de radicalização das lutas, onde as tensões sociais e políticas se acirraram. A concentração de poder e riqueza nas mãos de poucos, as crescentes desigualdades sociais, e a falência de um sistema que já não atende aos anseios da maioria são evidentes. O fracasso do neoliberalismo, o enfraquecimento das democracias formais e o aumento das ameaças bélicas, incluindo a possibilidade de uma nova corrida armamentista, são algumas das faces dessa crise.
O fascismo e o neonazismo, que ganham força em diversas partes do mundo, são reflexos da crise do capitalismo. Esses movimentos de extrema-direita, alimentados pelo ódio e pela xenofobia, representam a tentativa de uma classe dominante que, sem mais argumentos para justificar sua opressão, recorre à barbárie para manter seu controle.
No Brasil, a extrema direita, com a liderança de Jair Bolsonaro, não só apoia as políticas imperialistas de Trump, como também defende uma agenda entreguista e antioperária. Essa aliança entre forças reacionárias e o imperialismo é um grave risco para nossa soberania e direitos.
Em meio a essa crise mundial, a classe trabalhadora segue enfrentando as consequências diretas das políticas capitalistas: o aumento do desemprego, a precarização do trabalho, a uberização e a redução da renda. Mais de 670 milhões de pessoas vivem em situação de fome no mundo, o que revela a falência do sistema que privilegia o lucro em detrimento da vida humana.
O atual momento exige uma postura clara da classe trabalhadora. Precisamos entender que a luta pela soberania nacional, contra o imperialismo, por uma nova ordem mundial mais justa e solidária, está mais viva do que nunca. O movimento sindical, e especialmente o sindicalismo classista, deve se preparar para intervir nesse processo de forma ativa, garantindo que os interesses dos trabalhadores sejam respeitados e que a nova ordem não reproduza as velhas estruturas de exploração e opressão.
Neste cenário, também é importante lembrar que o socialismo continua sendo a única alternativa civilizatória diante da barbárie do capitalismo. Em meio ao caos, temos que apostar em um futuro coletivo, onde a solidariedade e a luta pela justiça social se tornem os pilares da nossa ação.
Como CTB, nossa solidariedade é total ao povo cubano, que resiste ao criminoso bloqueio imperialista imposto pelos EUA, à Venezuela, que enfrenta os ataques do imperialismo, e à Palestina, que resiste bravamente ao genocídio praticado por Israel. Reafirmamos ainda nosso apoio ao direito de autodeterminação dos povos, como o caso do Sahara Ocidental, e a luta pela paz no leste europeu.
A classe trabalhadora precisa estar unida, consciente de sua força e de seu papel fundamental na construção de um novo mundo. Só assim conseguiremos superar os desafios e garantir um futuro digno para todos.