Cinco mortes por metanol em SP: conhecer origem da bebida é fundamental para se proteger

Autoridades investigam origem do metanol usado em bebidas adulteradas; casos já resultaram em mortes no estado de São Paulo - Freepik.

Médico recomenda buscar imediatamente serviço de urgência em caso de reações incomuns após consumo de bebida alcóolica

Cinco mortes por intoxicação por metanol já foram confirmadas até esta terça-feira (30) no Estado de São Paulo, com uma delas tendo sido comprovadamente causada por bebida alcoólica adulterada. As outras quatro seguem em investigação. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, o médico sanitarista Cláudio Maierovitch alerta que o risco é alto e dá dicas de como se proteger.

“O metanol é um tipo de álcool, mas é diferente daquele que nós estamos acostumados, o álcool etílico. Este chama-se álcool metílico. Essa pequena diferença faz com que ele seja muito mais perigoso, muito mais tóxico, até mesmo letal para o ser humano”, diz.

Até agora, o governo paulista contabiliza 22 ocorrências relacionadas à substância, cinco confirmadas e 17 em apuração, e apreendeu 50 mil garrafas suspeitas e 15 milhões de selos fraudados. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, informou que a Polícia Federal abriu uma investigação para apurar a origem do metanol usado para batizar bebidas alcoólicas em São Paulo. Segundo ele, é possível que essa rede de distribuição da substância atue também em outros estados.

Como se proteger

O sanitarista enfatiza que não há dose segura. “Uma dose padrão de 50 mililitros, com 20% de metanol, já é suficiente para causar uma intoxicação importante”, destaca. De acordo com ele, é “praticamente impossível” identificar o composto pelo sabor.

“A única forma realmente de saber se aquela bebida pode conter metanol ou não é conhecendo a origem da bebida, daquele álcool que está contido no copo”, orienta. Ele recomenda verificar a procedência da garrafa, evitar bebidas de origem duvidosa, consumir o mínimo possível e, em caso de sintomas, buscar atendimento médico urgente.

Segundo Maierovitch, mesmo garrafas aparentemente lacradas podem estar falsificadas. “A bebida produzida em condições normais não contém metanol. Então aquela bebida que contém metanol foi falsificada ou adulterada em algum ponto entre a produção e o consumidor”, afirma. Ele explica que falsificadores podem reproduzir selos e embalagens de segurança e reforça que a única forma de garantir a autenticidade é pela rastreabilidade fiscal, ou seja, comprando por canais oficiais com notas que comprovem a origem dos produtos.

Sintomas e sinais de alerta

Os sintomas costumam surgir entre seis e 24 horas após a ingestão, mas podem demorar mais, especialmente quando a bebida contém também etanol, o álcool comum. “Logo nos primeiros sintomas, como dor de cabeça importante, vômitos, dor na barriga, a pessoa já deve ficar preocupada”, indica Maierovitch. Sinais mais graves incluem alterações na visão. “O metanol afeta diretamente a parte do sistema nervoso que se conecta com os olhos, podendo levar a uma cegueira definitiva, caso a intoxicação não seja grave a ponto de levar a óbito”, ressalta.

A recomendação é procurar imediatamente um serviço de urgência ao perceber sintomas incomuns após consumir bebida alcoólica. “Os serviços de urgência estão preparados, desde que estejam alertas para isso. Dependendo do grau de intoxicação, o tratamento pode ser muito difícil. Pode exigir diálise e outras intervenções especializadas e nem sempre está garantido o sucesso do tratamento, mesmo que ele seja precoce”, reforça o médico.

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