A decisão anunciada por Donald Trump de autorizar a CIA a realizar ações secretas e letais na Venezuela, tendo por alvo as lideranças da revolução bolivariana, traduz uma ingerência descarada do imperialismo contra a soberania do país e deve ser vigorosamente repudiada pelas forças democráticas, patrióticas, progressistas e a classe trabalhadora brasileira.
A CTB manifesta sua ativa solidariedade ao povo venezuelano e ao governo presidido por Nicolás Maduro, que, a exemplo de Cuba, tem resistido e lutado bravamente contra as investidas de Washington e a extrema direita do país, que exerce o infame papel de quinta coluna do imperialismo e apela pela intervenção militar estrangeira para interromper o processo revolucionário, tal como faz o bolsonarismo no Brasil.
Golpe contra Chávez
A trama intervencionista não começou agora. A Venezuela é alvo prioritário do imperialismo desde a eleição de Hugo Chávez e a proclamação da revolução bolivariana em 1988, que posteriormente anunciou o propósito de construir uma sociedade socialista.
No dia 11 de abril de 2002, Hugo Chávez foi vítima de um golpe militar, liderado por um líder da burguesia local, o empresário Pedro Carmona. A empreitada não durou muito. Em menos de 48 horas, o comandante da revolução bolivariana foi reconduzido ao poder, pelas mãos do povo e de militares que se rebelaram contra os generais golpistas.
Maduro, eleito presidente após a morte de Chávez, também foi vítima de tentativas golpistas, destacando-se as de 2014 e 2019, quando outro líder da extrema direita, Juan Guaidó, foi declarado presidente pelos Estados Unidos, que estiveram sempre por trás desses acontecimentos.
Imperialismo sem máscara
Com Donald Trump na Casa Branca, as agressões imperialistas foram intensificadas e ocorrem de uma forma aberta, sem subterfúgios, compreendendo o envio de navios de guerra para a costa da Venezuela e, agora, o anúncio da autorização para ações da CIA, dona de um histórico sombrio de intervenções golpistas em todo o mundo, incluindo dezenas de tentativas de assassinato de Fidel Castro. É um imperialismo sem máscara.
A concessão do Prêmio Nobel da Paz à golpista e neofascista Maria Corina Machado também faz parte da conspiração em curso. Convém lembrar que ela foi indicada ao comitê norueguês do Nobel pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rúbio, um mercenário cubano que nutre um ódio mortal à revolução cubana e ao governo Maduro.
A Venezuela continuará resistindo e não vai se dobrar às pressões, ameaças e chantagens imperialistas do governo Trump. Conta neste sentido, como Cuba, com o apoio dos povos e das forças democráticas e progressistas da América Latina e do mundo.
Nova ordem mundial
A atual investida contra o sagrado direito da nação venezuelana à autodeterminação ocorre no contexto global de grave crise geopolítica e franca decadência da hegemonia dos Estados Unidos, em meio a uma conturbada transição para uma nova ordem mundial sob o protagonismo da China e do Brics.
Em que pese o poder militar dos EUA, não se trata de um sinal de força, mas da fraqueza de um sistema injusto e senil, que caminha hoje na contramão da história e não conseguirá deter o anseio dos povos da América Latina por soberania, democracia e justiça social.
Reiteramos nossa solidariedade classista da CTB à Venezuela e ao governo Maduro e denunciamos o imperialismo estadunidense como o principal inimigo dos povos e das liberdades. Defendemos uma nova ordem mundial multilateral, isenta de agressões imperialistas e orientada para a solução pacífica dos conflitos entre as nações, o desarmamente nuclear e o desenvolvimento soberano e compartilhado das nações.
São Paulo, 16 de outubro de 2025
Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)