O debate sobre a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1 voltou com força ao cenário político e sindical brasileiro. O tema, que acompanha historicamente a luta da classe trabalhadora, ganha novo fôlego com as propostas de reorganização do tempo de trabalho e de valorização da vida fora do emprego.
No artigo “O fim da escala 6×1 e a possível reintrodução da padronização das jornadas no contexto pós-Reforma Trabalhista”, a juíza do Trabalho Daniela Macia Ferraz Giannini analisa como a Reforma Trabalhista de 2017 aprofundou a flexibilização e a despadronização das jornadas, ajustando o tempo de trabalho às necessidades do capital e esvaziando a função histórica de limitar o poder patronal.
A autora aponta que, embora a pandemia da Covid-19 tenha intensificado a exploração e o adoecimento, também reacendeu o debate sobre a redução da jornada como medida civilizatória e de qualidade de vida. Inspirado por experiências internacionais, o Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) e a PEC 8/2025, de autoria da deputada Érika Hilton (PSOL-SP), propõem a redução da jornada para 36 horas semanais, sem redução de salários, e o fim da escala 6×1.
“A extinção da escala 6×1, sem redução salarial, recoloca os temas da redução e da padronização do tempo de trabalho no debate social, representando uma possibilidade de atenuar alguns dos efeitos nefastos da Reforma Trabalhista”, defende Giannini.
O artigo destaca ainda que a diminuição da jornada e a ampliação dos dias de descanso podem favorecer a saúde física e mental dos trabalhadores, reduzir afastamentos e reintroduzir a noção de tempo livre como um direito humano.
A proposta do fim da escala 6×1, portanto, vai além da reorganização das jornadas. Trata-se de uma pauta que confronta a lógica da exploração e propõe uma sociedade que valoriza o tempo de viver, e não apenas o de produzir.
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