Derrota da Alca foi um marco na luta contra o imperialismo

Foto: CTB.

Reproduzimos abaixo o pronunciamento do presidente da CTB, Adilson Araújo, na celebração dos 20 anos da Cúpula dos Povos contra a Alca, em Mar del Plata, nas versões em português e espanhol.

Celebramos nesta data um acontecimento que configura um marco histórico na luta dos nossos povos pela soberania e efetiva independência das nações latino-americanas e caribenhas. Há precisamente 20 anos, no dia 5 de novembro de 2005, o projeto imperialista de implantar em nosso continente a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) foi derrotado e sepultado nesta cidade argentina durante a 4º Cúpula das Américas.

O fato motivou uma passeata em Mar del Plata com a presença de personalidades que merecem o título de heróis latino-americanos como o líder da revolução bolivariana, Hugo Chávez, o presidente Lula, o então mandatário da Argentina, Néstor Kirchner, e o genial Diego Maradona.

A ideia original da malfadada Alca surgiu em 1990 no governo do republicano George Bush (pai), e ficou conhecida como Iniciativa Bush ou Iniciativa para as Américas, apresentada oficialmente pelos EUA em dezembro de 1994 na Cúpula das Américas realizada em Miami, englobando todos os países do continente com a exceção de Cuba.

Os movimentos sociais da América Latina e Caribe enxergaram no projeto uma tentativa de anexação das economias latino-americanas e caribenhas pelos Estados Unidos, que aceleraria o processo de desindustrialização e comprometeria a soberania das nações, consolidando o domínio imperialista de Washington.

A derrota da Alca foi o resultado das batalhas lideradas pelas forças patrióticas e progressistas do continente e também do novo cenário geopolítico criado na região com a eleição de líderes progressistas, empenhados na defesa da soberania e alinhados com a classe trabalhadora. O movimento sindical desempenhou papel destacado nesta luta.

Luta central

A luta pelo sagrado direito à autodeterminação dos povos, ou seja, pela soberania das nações continua no centro da luta de classes em nossa região. Nossos povos são vítimas seculares da opressão colonialista e imperialista, em especial dos Estados Unidos ao longo dos séculos 19, 20 e 21.

A vitória na batalha da Alca tem enorme relevância para nossos povos, mas não significou o fim da guerra já secular contra o imperialismo. Com Donald Trump à frente da Casa Branca temos hoje nos EUA o que podemos chamar de imperialismo sem máscara, que retoma abertamente o propósito da doutrina Truman de completo domínio das Américas por Washington.

O líder da extrema direita estadunidense inaugurou uma política externa ainda mais agressiva em relação aos países da América Latina e Caribe. Impôs tarifas arbitrárias e absurdas ao Brasil, a pretexto de defender o ex-presidente Jair Bolsonaro, um golpista de extrema direita condenado a 27 anos de prisão pelo STF.

Ele também ameaçou invadir o Panamá. Recolocou Cuba na lista de países supostamente promotores do terrorismo (suposição falsa e cínica) e intensificou o criminiso bloqueio econômico à ilha socialista.

Enviou navios de guerra para a costa da Venezuela e de forma leviana, sem apresentar provas, acusou os chefes de Estado deste país, Nicolás Maduro, e da Colômbia, Gustavo Petro, de ligações com o narcotráfico.

Reitero aqui, neste momento, a solidariedade da CTB aos povos e aos presidentes de Cuba, da Venezuela e da Colômbia contra as pressões, as chantagens, as provocações baratas e as mentiras deslavadas do imperialismo.

Tudo isso nos revela a centralidade da luta contra o imperialismo, que age em aliança com setores poderosos das classes dominantes em Nossa América e o respaldo de vassalos da extrema direita, como Javier Milei por aqui e o Clã Bolsonaro no Brasil.

É importante compreender o pano de fundo da radicalização da ofensiva imperialista, que não deve ser subestimada, mas provavelmente resulta mais da fraqueza do que da força dos EUA.

Crise e transição geopolítica

Está em curso um processo de crise e transição geopolítica, marcada pela decomposição da ordem internacional imperialista hegemonizada pelos Estados Unidos e o agravamento das contradições que são inerentes ao capitalismo contemporâneo.

A crise reflete o declínio do poderio econômico relativo dos EUA e do senil Grupo dos 7, decorrente do desenvolvimento desigual das nações e da desindustrialização no chamado Ocidente. Em contraposição, observa-se a ascensão da China e do Brics, fortalecido e ampliado em suas duas últimas cúpulas.

Este movimento de nações à margem dos centros imperialistas, liderado pela China, desenha uma nova ordem mundial e enseja perspectivas promissoras para os países mais pobres, oprimidos pelo tacão neocolonialista do imperialismo. É este o caso do Brasil e da Rússia, dois países fundadores do Brics em junho de 2009. O bloco geopolítico já superou o outrora todo poderoso G7, hoje em franca decadência. Em 2024, a participação do BRICS na economia global em Paridade de Poder de Compra foi de cerca de 35%, enquanto a do G7 foi de 30%.

Ao analisar o desempenho do setor industrial, carro-chefe da produção de riquezas e do crescimento assimétrico dos PIBs, observa-se que a participação da China, em termos de produção bruta, é nada menos que três vezes maior que a dos EUA, seis vezes maior que a do Japão e nove vezes maior que a da Alemanha. Esses são os indicadores mais seguros e eloquentes sobre o que alguns analistas caracterizam como deslocamento do poder econômico e geopolítico do Oriente para o Ocidente.

A ascensão econômica vertiginosa da China, ao lado do Brics, está transformando a geografia econômica e política global, criando natural e inevitavelmente uma outra realidade que se choca com a ordem mundial capitalista instalada em Bretton Woods e pavimenta objetivamente o caminho na direção de um novo arranjo geopolítico. A Nova Rota da Seda e o Banco de Desenvolvimento dos Brics são embriões desse novo mundo.

Ameaças, bravatas e protecionismo

Na contramão deste movimento, os EUA não querem abrir mão da hegemonia mundial e prometem fazer de tudo para preservá-la. Conter a ascensão da China e do Brics continua sendo o objetivo primordial da política externa do império, que se revela especialmente agressiva no continente americano, que os imperialistas em Washington consideram como uma extensão do próprio território (boa parte dele roubado dos mexicanos) ou, ainda, um mero quintal.

Donald Trump ameaçou aplicar tarifas de 100% sobre mercadorias dos países do Brics que ousarem desafiar a hegemonia do dólar. Falou em retomar à força o Canal do Panamá porque teria sido cedido ao controle de Pequim.
Enviou navios de guerra para a costa da Venezuela para chantagear e intimidar o governo Maduro e todos os líderes latino-americanos que não rezam pela mesma cartilha do imperialismo.

O chefe da Casa Branca imagina que, com ameaças, bravatas e protecionismo, vai reverter o processo histórico de declínio do capitalismo norte-americano. A verdade é que isso não vai fazer os EUA “grandes novamente”, como quer Trump, mas certamente fornece combustível à crise geopolítica atual, que evolui entrelaçada com as depressões cíclicas da economia mundial e ainda parece longe de um desfecho.

Transição conturbada

Por essas razões, a transição na direção de um novo arranjo geopolítico não é nada tranquila e pacífica. Presenciamos a radicalização das lutas de classes e das tensões e conflitos internacionais; a exacerbação da concentração e centralização do capital e da renda; a crescente polarização social e política; o fracasso do neoliberalismo; a falência das instituições que configuram a democracia burguesa, sequestrada e corrompida pelo poder econômico; a emergência de uma nova e perigosa corrida armamentista, que atiça os focos de tensão internacional e ressuscita o fantasma da guerra nuclear.

Nesse ambiente crítico, presenciamos também o renascimento e ascensão do neonazismo em boa parte do mundo, alimentado pela xenofobia, misoginia e exacerbação da exploração da classe trabalhadora e opressão dos povos e nações, sobretudo as mais pobres e vulneráveis. Último recurso de um capitalismo que arde em crise, o neonazismo acena para a barbárie e a negação da civilização, sendo hoje particularmente cruel com trabalhadores e trabalhadoras imigrantes nos EUA e na Europa.

Enfrentar e derrotar a extrema direita é hoje e provavelmente será pelos próximos anos o principal desafio das forças democráticas e progressistas, incluindo o sindicalismo classista, na América Latina e em outras regiões do mundo.

No Brasil, a corja neonazista liderada pelo golpista Jair Bolsonaro desempenha o ignóbil papel de quinta coluna do imperialismo, estimulando e apoiando descaradamente a ofensiva neocolonialista de Donald Trump contra o Brasil. Defende uma agenda neoliberal entreguista, antioperária e antipatriótica, como ficou evidenciado no comportamento da família Bolsonaro frente à imposição de tarifas de 50% às exportações brasileiras.

Na Argentina, a quinta coluna é capitaneada por Milei, que com as bênçãos e o apoio da Casa Branca saiu fortalecido das últimas eleições legislativas anunciando um projeto de “reforma trabalhista” que aumenta de 8 para 12 horas a jornada diária de trabalho no país, destrói direitos e enfraquece o movimento sindical.

Nota-se aí a interligação entre a luta da classe trabalhadora em defesa do Direito do Trabalho e a luta nacional contra o imperialismo. A agenda da extrema direita e do imperialismo é, por definição, antipatriótica, antidemocrática e antipopular, francamente hostil à classe trabalhadora.

É preciso compreender que essas forças reacionárias, neonazistas, representam os interesses e a ideologia dos grandes capitalistas. Esses constituem a oligarquia financeira contemporânea, que atualmente tem nas chamadas big techs seu principal e mais lucrativo negócio.

Este cenário histórico, já por si dramático, é agravado pela crise climática, que avança em meio à desordem global sem muitas esperanças de solução nos marcos do sistema capitalista.

Gaza e Ucrânia

Presenciamos neste tempo de barbária o genocídio na Faixa de Gaza, que infelizmente não foi interrompido pelo frágil cessar fogo anunciado pelos EUA. O neonazista Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, continua chantageando e assassinando os habitantes da cidade a pretexto de punir o Hamas, com a cumplicidade descarada e cínica da Casa Branca.
Defendemos o reconhecimento do direito do povo palestino à autodeterminação, o que significa a instituição do Estado da Palestina, com a convicção de que este é o pressuposto para uma paz duradoura no Oriente Médio.

Tampouco a guerra por procuração dos EUA e da OTAN contra a Rússia encontrou uma solução. O conflito tem por raiz a ambiciosa e ameaçadora expansão da OTAN pelo leste europeu após a destruição da União Soviética, em 1991, conforme o próprio Trump reconheceu.

Desvalorização do trabalho

Entrelaçadas com a crise geopolítica, agravam-se as contradições sociais e econômicas do sistema capitalista, impulsionadas pelo crescimento das forças produtivas. A apropriação capitalista dos lucros propiciados pelo avanço da produtividade do trabalho acentua a desvalorização da classe trabalhadora quando, sob outras relações sociais, poderia propiciar redução da jornada de trabalho sem redução de salários e melhores condições de vida para o povo trabalhador, o que hoje corresponde a um notório e forte anseio social.

Cresce, nessas circunstâncias em quase todo o mundo, o desemprego e a precarização das relações sociais de produção, com destaque para a chamada uberização, com subtração de direitos, aumento da jornada de trabalho e redução da renda dos trabalhadores e trabalhadoras.

Isso não tem sido exceção, mas a regra dentro dos países capitalistas, onde a centralização de capitais e a concentração da renda atingiram uma dimensão chocante, enquanto estatísticas da ONU indicam que cerca de 673 milhões de pessoas no mundo enfrentaram a fome em 2024, o que representa 8,2% da população mundial. Interligados, esses fatos demonstram o esgotamento da ordem imperialista internacional liderada pelos Estados com o concurso do decrépito Grupo dos 7.

Defesa da paz

A história colocou na ordem do dia a luta em defesa da soberania nacional e da paz, contra o imperialismo e por uma nova ordem mundial fundada no multilateralismo e orientada para a solução pacífica das controvérsias internacionais, o desarmamento nuclear e o desenvolvimento soberano e compartilhado dos povos.

Temos o desafio de conscientizar a classe trabalhadora que a barbárie é o destino para o qual o capitalismo está conduzindo a humanidade. O socialismo é a única alternativa civilizatória para as nações.

Também devemos levantar bem alto a bandeira da paz frente às ameaças imperialistas. É o momento de realizar um Congresso Mundial em Defesa da Paz e em solidariedade a Cuba, Venezuela, Colômbia, ao povo palestino e todas as nações e povos vítimas do imperialismo.

 

VERSÃO EM ESPANHOL

 

20 AÑOS DE LA CUMBRE DE LOS PUEBLOS CONTRA EL ALCA

POR LA SOBERANÍA DE LOS PUEBLOS CONTRA LA DERECHA Y EL NEOLIBERALISMO

¡Sin retroceder!

Hoy celebramos un hito histórico en la lucha de nuestros pueblos por la soberanía e independencia efectiva de las naciones de América Latina y el Caribe. Hace exactamente 20 años, el 5 de noviembre de 2005, el proyecto imperialista de implementar el Área de Libre Comercio de las Américas (ALCA) en nuestro continente fue derrotado y enterrado en esta ciudad argentina durante la IV Cumbre de las Américas.

Este acontecimiento motivó una marcha en Mar del Plata con la presencia de personalidades que merecen el título de héroes latinoamericanos, como el líder de la Revolución Bolivariana, Hugo Chávez, el presidente Lula, el entonces presidente de Argentina, Néstor Kirchner, y el brillante Diego Maradona.

La idea original del fallido ALCA surgió en 1990, durante la administración del republicano George Bush (padre), y se conoció como la Iniciativa Bush o Iniciativa para las Américas. Fue presentada oficialmente por Estados Unidos en diciembre de 1994 en la Cumbre de las Américas celebrada en Miami, e incluía a todos los países del continente, excepto Cuba.

Los movimientos sociales de América Latina y el Caribe vieron el proyecto como un intento de Estados Unidos por anexar las economías latinoamericanas y caribeñas, lo que aceleraría el proceso de desindustrialización y comprometería la soberanía de las naciones, consolidando así el dominio imperialista de Washington.

El fracaso del ALCA fue el resultado de las luchas lideradas por fuerzas patrióticas y progresistas en el continente, así como del nuevo escenario geopolítico que surgió en la región con la elección de líderes progresistas comprometidos con la defensa de la soberanía y alineados con la clase trabajadora. El movimiento obrero desempeñó un papel fundamental en esta lucha.

Lucha central

La lucha por el sagrado derecho a la autodeterminación de los pueblos, es decir, por la soberanía de las naciones, sigue siendo el eje central de la lucha de clases en nuestra región. Nuestros pueblos son víctimas seculares de la opresión colonialista e imperialista, especialmente por parte de Estados Unidos a lo largo de los siglos XIX, XX y XXI.

La victoria en la batalla por el ALCA (Área de Libre Comercio de las Américas) reviste una enorme importancia para nuestros pueblos, pero no significó el fin de la guerra secular contra el imperialismo. Con Donald Trump al frente de la Casa Blanca, ahora tenemos en Estados Unidos lo que podemos llamar imperialismo descarado, que retoma abiertamente el propósito de la Doctrina Truman de la dominación total de las Américas por parte de Washington.

El líder de la extrema derecha estadounidense inauguró una política exterior aún más agresiva hacia los países de América Latina y el Caribe. Impuso aranceles arbitrarios y absurdos a Brasil, con el pretexto de defender al expresidente Jair Bolsonaro, un golpista de extrema derecha condenado a 27 años de prisión por la Corte Suprema Federal.

También amenazó con invadir Panamá. Cuba ha sido reintegrada a la lista de países supuestamente promotores del terrorismo (una suposición falsa y cínica) y se ha intensificado el bloqueo económico criminal contra la isla socialista.

Ha enviado buques de guerra a las costas de Venezuela y, de manera frívola, sin presentar pruebas, acusó a los jefes de Estado de este país, Nicolás Maduro, y de Colombia, Gustavo Petro, de vínculos con el narcotráfico.

Reitero aquí, en este momento, la solidaridad de la CTB con los pueblos y presidentes de Cuba, Venezuela y Colombia contra las presiones, el chantaje, las provocaciones baratas y las descaradas mentiras del imperialismo.

Todo esto nos revela la centralidad de la lucha contra el imperialismo, que actúa en alianza con sectores poderosos de las clases dominantes en América y con el apoyo de aliados de la extrema derecha, como Javier Milei y el clan Bolsonaro en Brasil.

Es importante comprender el trasfondo de la radicalización de la ofensiva imperialista, que no debe subestimarse, pero que probablemente se deba más a la debilidad que a la fortaleza de Estados Unidos.

Crisis y transición geopolítica

Se está desarrollando un proceso de crisis y transición geopolítica, marcado por la descomposición del orden internacional imperialista hegemonizado por Estados Unidos y la agudización de las contradicciones inherentes al capitalismo contemporáneo.

La crisis refleja el declive del poder económico relativo de Estados Unidos y del debilitado Grupo de los Siete, resultado del desarrollo desigual de las naciones y la desindustrialización en el llamado Occidente. En contraste, se observa el ascenso de China y los BRICS, que se fortaleció y expandió en sus dos últimas cumbres.

Este movimiento de naciones al margen de los centros imperialistas, liderado por China, está configurando un nuevo orden mundial y ofrece perspectivas prometedoras para los países más pobres, oprimidos por el yugo neocolonialista del imperialismo. Este es el caso de Brasil y Rusia, dos de los países fundadores de los BRICS en junio de 2009. El bloque geopolítico ya ha superado al otrora todopoderoso G7, ahora en claro declive. En 2024, la participación de los BRICS en la economía mundial, medida en paridad de poder adquisitivo, rondaba el 35%, mientras que la del G7 era del 30%.
Al analizar el desempeño del sector industrial, motor de la generación de riqueza y del crecimiento asimétrico del PIB, se observa que la participación de China, en términos de producción bruta, es al menos tres veces mayor que la de Estados Unidos, seis veces mayor que la de Japón y nueve veces mayor que la de Alemania. Estos son los indicadores más fiables y elocuentes de lo que algunos analistas caracterizan como un desplazamiento del poder económico y geopolítico de Oriente a Occidente.

El meteórico ascenso económico de China, junto con los BRICS, está transformando la geografía económica y política mundial, creando de forma natural e inevitable una nueva realidad que choca con el orden mundial capitalista establecido en Bretton Woods y que, objetivamente, allana el camino hacia un nuevo orden geopolítico. La Iniciativa de la Franja y la Ruta y el Banco de Desarrollo de los BRICS son los embriones de este nuevo orden.

Amenazas, bravuconería y proteccionismo

En contraste con este movimiento, Estados Unidos no está dispuesto a renunciar a su hegemonía global y promete hacer todo lo posible por preservarla. Contener el ascenso de China y los BRICS sigue siendo el principal objetivo de la política exterior del imperio, particularmente agresiva en América, que los imperialistas en Washington consideran una extensión de su propio territorio (gran parte del cual fue arrebatado a México) o incluso un mero patio trasero.

Donald Trump amenazó con imponer aranceles del 100% a los productos de los países BRICS que se atrevan a desafiar la hegemonía del dólar. Habló de recuperar por la fuerza el Canal de Panamá porque había sido cedido al control de Pekín.

Envió buques de guerra a las costas de Venezuela para chantajear e intimidar al gobierno de Maduro y a todos los líderes latinoamericanos que no siguen la misma estrategia imperialista.

El presidente cree que, con amenazas, bravuconería y proteccionismo, revertirá el proceso histórico de decadencia del capitalismo estadounidense. Lo cierto es que esto no hará que Estados Unidos vuelva a ser “grande”, como desea Trump, sino que sin duda alimenta la actual crisis geopolítica, que se desarrolla entrelazada con las depresiones cíclicas de la economía mundial y que aún dista mucho de tener solución.

Transición Turbulenta
Por estas razones, la transición hacia un nuevo orden geopolítico dista mucho de ser tranquila y pacífica. Presenciamos la radicalización de las luchas de clases y las tensiones y conflictos internacionales; la exacerbación de la concentración y centralización del capital y la renta; la creciente polarización social y política; el fracaso del neoliberalismo; la quiebra de las instituciones que constituyen la democracia burguesa, secuestradas y corrompidas por el poder económico; el surgimiento de una nueva y peligrosa carrera armamentística, que aviva las tensiones internacionales y resucita el fantasma de la guerra nuclear.
En este contexto crítico, también presenciamos el resurgimiento y auge del neo nazismo en gran parte del mundo, alimentado por la xenofobia, la misoginia y la exacerbación de la explotación de la clase trabajadora y la opresión de pueblos y naciones, especialmente los más pobres y vulnerables. Último recurso de un capitalismo en crisis, el neo nazismo apunta a la barbarie y la negación de la civilización, siendo particularmente cruel hoy en día con los trabajadores inmigrantes en Estados Unidos y Europa.

Confrontar y derrotar a la extrema derecha es hoy, y probablemente seguirá siendo durante años, el principal desafío para las fuerzas democráticas y progresistas, incluyendo el sindicalismo con conciencia de clase, en América Latina y otras regiones del mundo.

En Brasil, la banda neonazi liderada por el golpista Jair Bolsonaro desempeña el infame papel de quinta columna del imperialismo, alentando y apoyando descaradamente la ofensiva neocolonialista de Donald Trump contra Brasil. Defiende una agenda neoliberal, favorable a intereses extranjeros, anti obrera y antipatriótica, como lo demuestra la postura de la familia Bolsonaro respecto a la imposición de aranceles del 50% a las exportaciones brasileñas.

En Argentina, la quinta columna está liderada por Milei, quien, con la bendición y el apoyo de la Casa Blanca, salió fortalecido de las últimas elecciones legislativas al anunciar un proyecto de “reforma laboral” que incrementa la jornada laboral diaria en el país de 8 a 12 horas, destruye derechos y debilita al movimiento obrero.

Esto pone de relieve la interconexión entre la lucha de la clase trabajadora en defensa de los derechos laborales y la lucha nacional contra el imperialismo. La agenda de la extrema derecha y del imperialismo es, por definición, antipatriótica, antidemocrática y antipopular, abiertamente hostil a la clase trabajadora.

Estas fuerzas reaccionarias y neonazis representan los intereses y la ideología de los grandes capitalistas. Estos constituyen la oligarquía financiera contemporánea, cuyo negocio principal y más lucrativo reside actualmente en las llamadas grandes empresas tecnológicas.

Este escenario histórico, ya de por sí dramático, se ve agravado por la crisis climática, que avanza en medio del desorden global sin muchas esperanzas de solución dentro del marco del sistema capitalista.

Gaza y Ucrania

En esta época de barbarie, presenciamos el genocidio en la Franja de Gaza, que lamentablemente no se vio interrumpido por el frágil alto el fuego anunciado por Estados Unidos. El neonazi Benjamín Netanyahu, primer ministro de Israel, continúa chantajeando y asesinando a los habitantes de la ciudad con el pretexto de castigar a Hamás, con la flagrante y cínica complicidad de la Casa Blanca.

Defendemos el reconocimiento del derecho del pueblo palestino a la autodeterminación, lo que implica el establecimiento del Estado de Palestina, con la convicción de que este es el requisito indispensable para una paz duradera en Oriente Medio.

Tampoco ha encontrado solución la guerra por delegación librada por Estados Unidos y la OTAN contra Rusia. El conflicto tiene su origen en la ambiciosa y amenazante expansión de la OTAN hacia Europa del Este tras la destrucción de la Unión Soviética en 1991, como el propio Trump reconoció.
Devaluación del Trabajo

Entrelazadas con la crisis geopolítica, las contradicciones sociales y económicas del sistema capitalista se exacerban, impulsadas por el crecimiento de las fuerzas productivas. La apropiación capitalista de las ganancias generadas por el aumento de la productividad laboral amplifica la devaluación de la clase trabajadora cuando, bajo otras relaciones sociales, podría conllevar una reducción de la jornada laboral sin una reducción salarial.

En estas circunstancias, el desempleo y el trabajo precario crecen casi a nivel mundial, particularmente en la llamada “uberización”, con la erosión de los derechos, el aumento de las jornadas laborales y la reducción de los ingresos de los trabajadores.

Esto no ha sido una excepción, sino la regla en los países capitalistas, donde la centralización del capital y la concentración de la renta han alcanzado una dimensión alarmante, mientras que las estadísticas de la ONU indican que aproximadamente 673 millones de personas en todo el mundo padecían hambre en 2024, lo que representa el 8,2% de la población mundial. Interconectados, estos hechos demuestran el agotamiento del orden imperialista internacional liderado por los Estados con la ayuda del decadente Grupo de los Siete.

Defensa de la Paz

La historia ha puesto sobre la mesa la lucha en defensa de la soberanía nacional y la paz, contra el imperialismo y por un nuevo orden mundial fundado en el multilateralismo y orientado a la resolución pacífica de las controversias internacionales, el desarme nuclear y el desarrollo soberano y compartido de los pueblos.

Nos enfrentamos al reto de concienciar a la clase trabajadora de que la barbarie es el destino al que el capitalismo conduce a la humanidad. El socialismo es la única alternativa civilizadora para las naciones.

Debemos, además, enarbolar la bandera de la paz frente a las amenazas imperialistas. Es hora de celebrar un Congreso Mundial en Defensa de la Paz y en solidaridad con Cuba, Venezuela, Colombia, el pueblo palestino y todas las naciones y pueblos víctimas del imperialismo.

 

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