O tempo livre como horizonte de liberdade e resistência
Mesmo com o avanço tecnológico, trabalhadores vivem jornadas mais longas e intensas — e o fim da escala 6×1 surge como símbolo da luta por emancipação.
A promessa de que a modernização e a automação trariam mais tempo livre à humanidade não se concretizou. Pelo contrário: o que se observa é o aumento da exploração, da precarização e do cansaço coletivo. Essa é a reflexão central do nono artigo do dossiê “Fim da Escala 6×1 e Redução da Jornada de Trabalho”, assinado por Leonardo Lani de Abreu, professor da Universidade Federal do Acre e superintendente regional do Trabalho.
O texto parte de uma constatação: sem tempo livre, não há liberdade real. O trabalhador esgotado e sem tempo para pensar, criar ou participar da vida política está preso a uma lógica que o transforma em mero instrumento do lucro. O autor denuncia o “sequestro do tempo” promovido pelo capitalismo, que reduz a vida à produtividade e ao consumo.
Inspirando-se em Marx, Leonardo afirma que o capital só sobrevive pela dominação e pela coerção, “pela razão ou pela força”. E identifica na escala 6×1 a ponta do iceberg da superexploração contemporânea, sustentada por uma ideologia que naturaliza o trabalho excessivo em nome de um suposto crescimento futuro — o velho discurso de que “é preciso deixar o bolo crescer”.
Ao discutir o avanço do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) e a PEC 8/2025, que propõe jornada de 36 horas e modelo 4×3, o autor destaca o potencial transformador da pauta: “A luta contra a escala 6×1 é mais do que uma reivindicação trabalhista. É uma crítica profunda à apropriação capitalista do tempo humano e um passo para reconstruir o sentido da liberdade e da vida.”
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