A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) participou de uma oficina estratégica sobre a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho, promovida no âmbito das discussões sobre saúde do trabalhador no SUS. O encontro reuniu representantes sindicais, integrantes do controle social, profissionais da saúde e especialistas para debater obstáculos e caminhos para garantir que a lista seja efetivamente aplicada na ponta — onde o trabalhador vive, adoece e busca atendimento.
Ao longo da atividade, foram identificados entraves que dificultam a implementação da lista e discutidos mecanismos capazes de integrá-la ao cotidiano dos serviços de saúde, dos sindicatos e da sociedade civil organizada.
A secretária de Saúde da CTB, Dany Moretti, destacou a necessidade de aproximar o conteúdo técnico da realidade vivida pelos trabalhadores:
“A discussão aqui se deu em torno de problemas para a implementação da lista e quais soluções, quais mecanismos a área técnica de saúde do trabalhador, os CERESTs e o controle social do SUS poderiam construir. É essencial que a sociedade civil organizada, os sindicatos, os médicos, os profissionais de saúde e principalmente os trabalhadores se apropriem dela. O trabalho é determinante da saúde. Se a lista não tiver a linguagem do trabalhador, não adianta.”
Dany também lembrou que a CTB teve papel fundamental na defesa da publicação da lista durante a 16ª Conferência Nacional de Saúde, quando uma moção apresentada por entidades ligadas à Central foi aprovada:
“Foi uma contribuição importante. A pressão do controle social, em um espaço com cerca de 6 mil pessoas, ajudou a garantir o avanço da pauta. Para nós, é essencial que o Ministério do Trabalho e o da Previdência assinem a lista junto com o Ministério da Saúde, para assegurar que os peritos reconheçam o nexo e concedam o benefício quando houver CID relacionado ao trabalho.”
O representante da CTB na CTPP, Luiz Carlos Pinnagande, reforçou que a Atenção Básica precisa estar preparada para identificar suspeitas de doenças ocupacionais:
“A primeira porta de entrada do trabalhador no SUS é a Atenção Básica. Se os médicos de família e os enfermeiros não estiverem treinados para suspeitar de uma doença ocupacional, o fluxo sequer se inicia.”
Já Fábio Gama, secretário estadual de Saúde da CTB-ES e coordenador da CISTT estadual, destacou que o encontro contribuiu para ampliar o entendimento sobre o funcionamento da rede de saúde do trabalhador e sobre a responsabilidade compartilhada entre SUS, movimentos sociais e entidades sindicais:
“A oficina foi essencial para compreender de forma mais estruturada a lista de doenças relacionadas ao trabalho e o funcionamento do CEREST, da Renaste e de toda a rede. Mostrou o quanto podemos apoiar, nos territórios, o fortalecimento da saúde do trabalhador. É urgente ampliar a divulgação do trabalho do SUS com essas políticas e garantir que elas sejam efetivamente executadas nas unidades, hospitais e em toda a rede, pública e privada.”
Fábio ressaltou ainda o papel estratégico das instâncias de controle social:
“Temos que ocupar os espaços das CISTTs estaduais e municipais. Precisamos do apoio da CISTT nacional para fomentar ações e fortalecer as iniciativas nos estados e nos municípios. Trabalhamos em rede, com demandas diversas, mas muitos temas podem ser tratados como temas nacionais, enquanto outros se articulam às especificidades de cada território.”
A CTB reforça que seguirá atuando para que a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho seja amplamente difundida, compreendida e aplicada — garantindo proteção, diagnóstico adequado, reconhecimento de direitos e políticas que valorizem a saúde de quem constrói o país todos os dias.







