CTB participa da Cúpula dos Povos e declara apoio ao programa internacionalista de enfrentamento à crise climática rumo à COP-30

Tânia Rêgo/Agência Brasil.

Ato reuniu mais de 70 mil pessoas em Belém e apresentou documento que denuncia o capitalismo como raiz da crise climática

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) integrou a delegação plural da Cúpula dos Povos rumo à COP-30, realizada entre 12 e 16 de novembro em Belém do Pará. O encontro, que reuniu mais de 70 mil participantes de movimentos sociais, povos originários, sindicatos, comunidades tradicionais e organizações internacionais, apresentou a Declaração Final da Cúpula, documento construído coletivamente ao longo de meses de debates, plenárias e intercâmbios.

A CTB esteve presente em atividades, rodas de diálogo, atos e discussões estratégicas sobre justiça climática, soberania dos povos, direitos trabalhistas, feminismo, geopolítica e multilateralismo. A Central também contribuiu na construção política que fundamenta o texto final do documento.

Diagnóstico contundente: capitalismo é raiz da crise climática

Segundo a Declaração, assinada pelas organizações participantes — entre elas a CTB — o modo de produção capitalista é a causa estrutural da crise climática. O texto afirma que corporações transnacionais, setores financeiros, mineração, agronegócio, big techs e a indústria bélica são responsáveis pela destruição ambiental e pela exploração que atinge principalmente trabalhadores, mulheres, populações negras, indígenas e periféricas.

Solidariedade internacional e denúncia do genocídio na Palestina

A Cúpula denuncia o avanço da extrema direita, o militarismo global e as guerras, afirmando que esses fatores intensificam a crise climática. O documento manifesta repúdio ao genocídio do povo palestino, à violência de Israel e de seus aliados, e declara apoio ao movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).

Para a CTB, que atua internacionalmente no campo da solidariedade e da integração dos povos, a posição é coerente com sua defesa histórica de paz, autodeterminação e soberania.

Defesa dos territórios e combate às falsas soluções

A Declaração reafirma propostas defendidas pela CTB:

  • Demarcação de terras indígenas e territórios tradicionais;

  • Desmatamento zero;

  • Reforma agrária popular e fortalecimento da agroecologia;

  • Rejeição às soluções de mercado que tratam bens comuns como mercadorias.

O texto reforça que ar, água, florestas, energia e minérios são bens coletivos, e não devem ser privatizados ou financeirizados.

Cidades justas, transporte público gratuito e políticas para periferias

Entre as propostas urbanas, o documento defende:

  • Políticas de moradia, saneamento e acesso à água;

  • Arborização, manejo de resíduos e regularização fundiária;

  • Transporte público de qualidade com tarifa zero;

  • Participação direta da população na gestão das políticas climáticas.

Feminismo e valorização do trabalho de cuidados

A Declaração reconhece o trabalho de cuidados — historicamente realizado por mulheres — como central para a vida e para a economia, reforçando a necessidade de políticas de valorização, proteção social e autonomia econômica.

A CTB, que possui forte atuação no movimento de mulheres trabalhadoras, destaca a convergência entre a agenda feminista da Cúpula e sua própria plataforma política.

Transição energética justa, soberana e com direitos trabalhistas

Entre as reivindicações centrais estão:

  • Fim da exploração de combustíveis fósseis;

  • Proibição da expansão petrolífera em áreas sensíveis;

  • Garantia de direitos, negociação coletiva e liberdade sindical na transição energética.

Para a CTB, a transição deve ser popular, democrática e orientada ao bem comum, e não uma nova fronteira de acumulação do capital.

Financiamento público e dívida socioambiental histórica

O documento reivindica:

  • Taxação de corporações e dos super-ricos;

  • Exclusão do FMI e Banco Mundial da arquitetura do financiamento climático;

  • Reconhecimento da dívida socioambiental do Norte global para com os povos do Sul.

A Central reforça que este ponto dialoga diretamente com sua agenda internacionalista.

Proteção de defensoras e defensores dos territórios

A Cúpula denuncia a criminalização de movimentos sociais, o assassinato de lideranças e a violência contra defensores ambientais. Reivindica o fortalecimento do Acordo de Escazú e de mecanismos de proteção em escala regional e global.

Chamado à organização e à unidade

A Declaração encerra com um chamado à luta coletiva:

“Povos do mundo: uni-vos.”

Declaração Final_Cúpula dos …

A CTB destaca que sai da Cúpula fortalecida, comprometida em ampliar sua ação pela justiça climática, pelos direitos da classe trabalhadora e por um modelo de desenvolvimento justo, democrático e sustentável.

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