A CTB Jovem realizou, nesta quarta-feira (19), a primeira reunião aberta do secretariado nacional, em formato híbrido, diretamente da sede da CTB, em São Paulo, com transmissão online. O encontro reuniu mais de 50 participantes de vários estados, demonstrando o avanço do processo de reorganização da juventude trabalhadora dentro da Central.

A atividade teve como objetivo fortalecer o Coletivo Nacional de Juventude e impulsionar a mobilização sindical juvenil em todo o país. Durante a reunião, dirigentes e representantes de diversos segmentos apresentaram diagnósticos, desafios e propostas para a atuação dos jovens na luta sindical, social e política.
Henrique Domingues: “A CTB Jovem voltou ao jogo”

O secretário de Políticas para a Juventude Trabalhadora, Henrique Domingues, destacou que a reunião marcou um novo momento de retomada da atuação juvenil na Central.
“Acredito que a reunião de hoje serviu para colocar o Coletivo Nacional de Juventude da CTB de volta no jogo, de volta para as ruas. Conseguimos reunir jovens sindicalistas, jovens trabalhadores formais, informais, empregados, todos interessados em se somar à luta pelos direitos da classe trabalhadora. Agora teremos um grande trabalho pela frente, com o objetivo de reestruturar os coletivos estaduais da CTB Jovem em todas as unidades da federação e no Distrito Federal”, afirmou.
Henrique também reforçou que 2026 será um ano de mobilização intensa:
“A partir do ano que vem, vamos visitar fábricas, lojas, locais de trabalho e mobilizar a juventude trabalhadora na defesa de direitos e na reeleição do Projeto Popular que governa o Brasil, contra o fascismo, o nazismo e todos os retrocessos.”
Juventude rural: permanência no campo e políticas públicas
A jovem dirigente Aline trouxe ao debate a realidade de milhões de jovens no meio rural e os desafios para garantir sua permanência no campo com dignidade.
Ela lembrou que cerca de 6,8 milhões de jovens rurais, entre 16 e 32 anos, trabalham ou vivem em áreas rurais e que as políticas públicas são fundamentais para que permaneçam no território.
“Nossa luta é para que o jovem permaneça no meio rural com qualidade de vida, acesso à educação, crédito e terra. Para isso, trabalhamos com duas categorias: jovens assalariados rurais e jovens agricultores familiares. Nada do que conquistamos caiu do céu, tudo foi fruto de muita luta do movimento sindical”, afirmou.
Aline também destacou o papel da educação do campo e a importância de valorizá-la não apenas nas escolas rurais, mas também nas áreas urbanas, para combater a desvalorização histórica do meio rural.
Adilson Araújo: protagonismo juvenil, juros altos e desafios do movimento sindical

O presidente da CTB, Adilson Araújo, participou da reunião e reforçou a importância estratégica da juventude para o futuro da Central e para os rumos do país.
“É oportuno que, neste novo ciclo da CTB, a gente garanta a necessária efervescência. O protagonismo que a juventude pode exercer é fundamental”, disse.
Ao lembrar que nesta quinta-feira (20) o país celebra o Dia da Consciência Negra — feriado nacional conquistado graças à luta do movimento negro e ao projeto da dirigente Claudete Alves, em São Paulo — Adilson ressaltou a importância de a juventude ocupar as ruas e fortalecer o combate ao racismo.
O presidente também dedicou boa parte de sua fala aos desafios econômicos enfrentados pela população, especialmente pelos jovens:
“Essa taxa de juros não dá mais. Até quando vamos viver com isso? Precisamos criar um espírito de mobilização juvenil para pautar a questão dos juros. Temos dois grandes temas: emprego e renda — que atingem principalmente a juventude — e os juros altos, que travam o desenvolvimento do país.”
Adilson alertou para a queda no investimento público e privado, para a desindustrialização e para o impacto direto disso sobre jovens profissionais qualificados que não encontram vagas compatíveis com sua formação.
O dirigente ainda reforçou a necessidade de ampliar intercâmbios e programas internacionais que fortaleçam a formação política dos jovens, citando possibilidades de estudos na China, Argentina, Venezuela e Cuba.
Mobilização e reconstrução sindical
Ao final, Adilson lembrou que o movimento sindical enfrenta um cenário duro desde a Reforma Trabalhista de 2017 e outras medidas que fragilizaram a representação sindical, especialmente entre aposentados rurais — parcela historicamente ativa nos sindicatos.
“Ainda temos uma cultura corporativista, mas estou à disposição para ajudar a destravar a participação juvenil. Precisamos provocar a militância e ocupar espaços”, afirmou.
Ele também destacou dados alarmantes sobre a realidade do trabalho no Brasil:
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o país é o segundo do G20 em mortes por acidentes de trabalho;
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e o terceiro do mundo em acidentes laborais.
“É algo gritante, que exige um posicionamento firme da juventude e de todo o movimento sindical”, completou.
Um novo ciclo para a CTB Jovem
A 1ª reunião aberta do secretariado nacional marcou o início de um processo de reorganização da CTB Jovem, com foco na ampliação da presença territorial, formação política, mobilização social e defesa dos direitos da juventude trabalhadora — urbana e rural.
Com a participação ativa de dezenas de jovens e da direção nacional da Central, o encontro reforçou o compromisso da CTB com a construção de uma juventude protagonista, organizada e preparada para enfrentar os desafios atuais do país.


