A luta contra a herança cruel da escravidão continua

Foto: Marcela Rodrigues.

O Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, data do assassinato de Zumbi dos Palmares em 1695, é um marco histórico de resistência e um lembrete incisivo da dívida histórica do nosso país com a população negra, um chamado à luta permanente contra as estruturas de exploração e opressão que ainda hoje marcam profundamente a sociedade brasileira.

Para o movimento sindical, esta data é um momento crucial para reafirmar que a luta de classes e a luta antirracista são indissociáveis. Neste momento, marcado pela crise da ordem capitalista internacional e ascensão da extrema direita racista em todo o mundo, a defesa dos direitos sociais e da igualdade ganha ainda mais urgência e centralidade.

Racismo estrutural

A abolição formal da escravidão, em 1888, não resultou em um projeto de inclusão social, econômica ou política para os milhões de negros e negras que construíram este país com seu trabalho forçado. Fomos da senzala para a marginalidade social e econômica, sem acesso à terra, educação ou oportunidades dignas.

Essa transição perversa forjou o racismo estrutural que vivenciamos hoje. O racismo e o preconceito estão profundamente enraizados nas relações sociais e de poder, perpetuando privilégios e desigualdades. Vemos essa realidade expressa na violência policial que vitima jovens negros das periferias, na falta de representatividade em espaços de poder e, de forma gritante, no mercado de trabalho.
Capitalismo estimula e explora o racismo.

O Brasil foi o último país do mundo a abolir o trabalho escravo e a herança escravocrata se revelou funcional para o sistema capitalista. A discriminação salarial não é um acidente, mas sim uma ferramenta utilizada pelos capitalistas para maximizar a taxa de exploração e, por consequência, os lucros.

Estudo realizado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), intitulado Custo Salarial da Desigualdade Racial, indica que o salário médio de um trabalhador negro era 42% menor que de um branco em 2024. Os salários são significativamente menores mesmo quando negros e brancos exercem as mesmas funções ou possuem a mesma qualificação.

Essa disparidade salarial cumpre um papel duplo para os capitalistas:

Aumento do Lucro: Ao pagar menos para uma parcela majoritária da classe trabalhadora, o capitalista aumenta diretamente sua margem de lucro.
Divisão da Classe: O racismo é usado para dividir a classe trabalhadora. Ele cria barreiras e divergências artificiais, gera desconfiança e impede a solidariedade de classe necessária para uma luta unificada por melhores condições de trabalho e vida para todos. A ideologia de que brancos e negros têm interesses opostos enfraquece o poder de negociação do movimento sindical como um todo.

Negros no movimento sindical

Apesar das barreiras, a população negra sempre esteve na linha de frente das lutas trabalhistas no Brasil, desde as revoltas de escravizados até as greves operárias do século XX e XXI. A presença de negros e negras na direção dos sindicatos é vital, assim como o combate à discriminação e racismo no meio sindical e trabalhista.

O movimento sindical tem um papel fundamental e inadiável na luta antirracista. Não pode haver verdadeira justiça social sem justiça racial. Defender a igualdade salarial, lutar por cotas raciais no mercado de trabalho e combater o assédio moral e a discriminação nas empresas são pautas centrais da classe trabalhadora.

A unidade da classe é nossa maior força. Entender que o racismo oprime a pessoa negra e explora o trabalhador (branco e negro) é o primeiro passo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Neste 20 de novembro, reafirmamos nosso compromisso indeclinável de luta contra o racismo e pela igualdade racial, compreendendo que é a luta pela emancipação de toda a classe trabalhadora. Seguiremos resistindo e lutando por um futuro onde a cor da pele não determine o salário, a dignidade ou o direito de viver. A nossa luta é por uma sociedade sem exploração, sem racismo e sem preconceito!
Viva Zumbi dos Palmares! Viva a Consciência Negra e a luta da Classe Trabalhadora! Viva o Socialismo!

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