Pais, alunos, educadores e representantes de sindicatos realizaram, nesta terça-feira (25), um ato em frente à Escola Municipal de Ensino Infantil Antônio Bento, na zona oeste de São Paulo. A manifestação ocorreu em resposta à abordagem de policiais militares que entraram armados na unidade para intimidar educadores após uma atividade pedagógica sobre a mitologia dos orixás, parte da cultura afro-brasileira.
Segundo relatos de trabalhadores da escola e de familiares, o episódio ocorreu depois que um pai, inconformado com o fato de o filho ter feito um desenho relacionado à temática afro-brasileira, acionou a Polícia Militar. Os agentes teriam ido ao local com armas e atitude intimidadora, questionando a equipe escolar e interferindo diretamente no trabalho pedagógico.
A comunidade escolar classificou o ocorrido como grave e inaceitável, denunciando o avanço de práticas autoritárias, racistas e que violam a autonomia escolar, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a legislação que garante o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas (Lei 10.639/03).
O ato desta terça-feira exigiu respeito aos profissionais da educação, proteção ao ambiente escolar e punição aos envolvidos na intimidação. Organizações presentes reforçaram que práticas educativas voltadas para a diversidade, para o combate ao racismo e para a valorização das culturas de matriz africana devem ser defendidas e fortalecidas.
Posicionamento da CTB-SP
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em São Paulo (CTB-SP) repudia veementemente o uso da força policial para interferir no trabalho pedagógico e intimidar profissionais da educação.
A escola é espaço de aprendizagem, diálogo e construção de cidadania, não de coerção armada.
A entrada de policiais militares para contestar uma atividade educativa representa grave violação da autonomia escolar e reforça atitudes antidemocráticas, racistas e incompatíveis com uma sociedade que busca justiça social.
A CTB-SP manifesta solidariedade aos educadores e à comunidade escolar da EMEI Antônio Bento e reafirma seu compromisso com a defesa da educação pública, laica, democrática e comprometida com a valorização da cultura afro-brasileira.


