O primeiro episódio da nova série da CTB sobre os impactos dos juros altos joga luz sobre um problema que já faz parte da rotina de milhões de brasileiros: o endividamento crescente das famílias trabalhadoras. Em um cenário de crédito caro e renda comprimida, trabalhadores e trabalhadoras enfrentam uma escalada de dívidas que compromete o orçamento e deteriora a qualidade de vida.
Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em 2025 o país alcançou 77,8% das famílias endividadas, índice que se mantém entre os mais altos da história recente. Entre as famílias de baixa renda, compostas majoritariamente por trabalhadoras e trabalhadores que recebem até três salários mínimos, o número é ainda mais alarmante: quase 90% delas convivem com dívidas.
A política de juros elevados do Banco Central amplia essa crise. O cartão de crédito — principal instrumento de endividamento das famílias — chegou a registrar taxas superiores a 300% ao ano no rotativo, resultado direto da Selic mantida em patamar alto. O efeito é imediato: cada atraso, mesmo pequeno, se transforma em uma bola de neve quase impossível de controlar.
O estudo também aponta que cerca de 30% das famílias brasileiras estão inadimplentes, ou seja, não conseguem pagar as contas em dia. Esse quadro é agravado pela lentidão econômica, pelo alto custo de vida e pelo enfraquecimento do mercado de trabalho, elementos que se intensificam em períodos de juros elevados.
Para a CTB, a manutenção dos juros altos “é boa para os patrões e indigesta para os trabalhadores”, como destaca a própria série. Enquanto bancos e grandes conglomerados financeiros acumulam lucros históricos — ultrapassando R$ 100 bilhões somados entre as principais instituições em 2024 — o povo enfrenta dificuldades crescentes para equilibrar o orçamento e garantir o básico.
O impacto é cotidiano: famílias atrasam contas, parcelam compras essenciais, recorrem a empréstimos com juros abusivos ou comprometem parte significativa da renda com dívidas antigas renovadas a custos exorbitantes. Esse cenário aprofunda desigualdades, aumenta a insegurança econômica e agrava o sofrimento emocional da classe trabalhadora.
Ao lançar a série, a CTB reafirma seu compromisso em disputar a narrativa econômica e defender uma política de juros mais justa, que estimule o desenvolvimento, fortaleça bancos públicos, amplie o crédito produtivo e coloque a vida dos trabalhadores no centro das decisões.
Este é apenas o primeiro episódio da série “Impacto dos Juros Altos para a Classe Trabalhadora”, que seguirá abordando outros aspectos da política monetária e suas consequências no cotidiano do povo brasileiro.


