Levantamento nacional detalha percepções sobre direitos, CLT, condições de trabalho e participação sindical em todas as regiões do país.
•Pesquisa também aponta que trabalhadores valorizam sindicatos, defendem direitos e confirma confiança crescente nas entidades sindicais
A pesquisa nacional “O Trabalho e o Brasil”, realizada pelo Instituto Vox Populi em parceria com a Fundação Perseu Abramo, com apoio técnico do DIEESE e do Fórum das Centrais Sindicais, apresenta um dos retratos mais completos sobre a relação da classe trabalhadora com o movimento sindical.
O estudo teve como objetivo medir a percepção dos trabalhadores sobre direitos, condições de trabalho, papel dos sindicatos e expectativas para o futuro do mercado laboral, em um cenário marcado por precarização, avanço da informalidade e mudanças na legislação trabalhista.
Para isso, foram realizadas 3.850 entrevistas presenciais entre maio e junho, distribuídas nas cinco macrorregiões do país. O levantamento ouviu trabalhadores formais e informais, autônomos, pequenos empreendedores, servidores públicos, trabalhadores de aplicativos, desempregados e aposentados. A margem de erro é de 1,6 ponto percentual.
Reconhecimento nacional ao papel dos sindicatos
O estudo mostra que a maior parte da classe trabalhadora reconhece o papel estratégico das entidades sindicais. Entre os entrevistados:
✓68% afirmam que os sindicatos são essenciais para garantir direitos e melhorar as condições de trabalho;
✓67,8% apontam contribuição direta para a melhoria da qualidade de vida;
✓67,1% valorizam a mediação entre trabalhadores e empresas;
✓64,3% veem os sindicatos como defensores da classe trabalhadora;
✓52% declaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a atuação sindical.
Esses números desmentem o discurso que tenta enfraquecer o papel das entidades e confirmam que a população trabalhadora reconhece o valor da organização coletiva.
Jovens e regiões do país demonstram forte apoio aos sindicatos
Entre os jovens trabalhadores, o apoio à atuação sindical é ainda maior. Os índices de reconhecimento sobre a importância dos sindicatos alcançam:
74,6%,
72,1%,
74,4%,
71,4%
Dependendo do aspecto analisado (defesa de direitos, melhoria salarial, representação, mediação).
Quando os dados são distribuídos por região, a percepção positiva também se destaca:
Nordeste
71,5%,
69,4%,
72,2%,
68,3%
Reconhecem o papel dos sindicatos em diferentes frentes de atuação.
Sul
69,6%,
70,8%,
68,6%,
66%
Apontam relevância sindical em temas como negociação salarial, mediação de conflitos e defesa de direitos.
Esses resultados mostram que a força sindical permanece reconhecida em todo o território nacional, especialmente entre jovens, trabalhadores pobres, informais e grupos historicamente vulnerabilizados.
Direito de greve é amplamente defendido
Mais de 70% dos entrevistados afirmam que o direito de greve deve ser garantido e preservado como ferramenta legítima de pressão e negociação. A maioria também considera importante participar de consultas públicas e eleger representantes políticos comprometidos com a defesa dos trabalhadores.
A realidade da informalidade: a busca pela segurança da CLT
O estudo revelou um dado contundente: a precarização empurra trabalhadores para a informalidade, mas não por escolha.
Entre os autônomos, 55,3% afirmam que voltariam a ser CLT para garantir direitos e estabilidade.
Entre trabalhadores do setor privado que já tiveram carteira assinada, 59,1% gostariam de voltar ao regime CLT, e 30,9% consideram possível esse retorno.
Ou seja, quase 90% dos que já tiveram vínculo formal preferem novamente a proteção da legislação trabalhista.
O levantamento também identificou que boa parte dos autônomos vive o chamado “empreendedorismo por necessidade”, associado à informalidade, baixos rendimentos e ausência de direitos.
Perfil dos trabalhadores autônomos e empreendedores
Entre os que se declararam autônomos ou empreendedores, as principais ocupações identificadas foram: ambulantes e sacoleiros; trabalhadores da construção civil (pedreiros, pintores); barbeiros e cabeleireiros; comerciantes; cozinheiros e artesãos; mecânicos; manicures e depiladoras; técnicos de TI; prestadores de pequenos serviços (“marido de aluguel”).
Apesar da diversidade, 49,6% afirmam que gostariam de ter um sindicato próprio para representá-los.
O que os trabalhadores esperam da ação sindical
A pesquisa também investigou as prioridades que os trabalhadores desejam ver na agenda do movimento sindical:
63,8% — melhoria dos salários;
36,6% — criação de empregos de qualidade;
26,6% — saúde e segurança no trabalho;
21% — redução da jornada;
18% — combate à discriminação.
Quanto ao funcionamento das entidades, os entrevistados destacam:
49,4% — mais presença nos locais de trabalho;
37,5% — comunicação mais clara e acessível;
29,6% — oferta de cursos e qualificação profissional.
FINDECT e sindicatos filiados: compromisso permanente com a defesa da categoria dos Correios
Os resultados da pesquisa reforçam o que a FINDECT e seus sindicatos filiados vêm afirmando: o trabalhador reconhece, valoriza e confia na atuação sindical, especialmente em tempos de ataques aos direitos, desmontes estruturais e tentativas de enfraquecer as entidades representativas.
A FINDECT permanece na linha de frente, enfrentando retrocessos, defendendo condições dignas de trabalho, lutando contra a precarização, combatendo cortes, fechamento de unidades e decisões que prejudicam a categoria dos Correios.
A pesquisa confirma que o caminho é a organização coletiva, a presença constante nos locais de trabalho, a mobilização nacional e a defesa permanente da categoria.
Informações: Findect.


