Milhares de mulheres ocuparam ruas e praças em todo o país, neste domingo (7), para exigir ações concretas do Estado diante do aumento da violência de gênero. A mobilização nacional Mulheres Vivas denunciou a escalada dos feminicídios no Brasil e transformou a indignação coletiva em um forte ato político. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) esteve presente nos atos em diversas cidades, reforçando seu compromisso com a luta das mulheres e com a defesa de políticas públicas estruturantes.
A manifestação acontece diante de um cenário dramático. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2024 foi o ano com maior número de feminicídios desde a tipificação do crime, em 2015. Foram 1.492 mulheres assassinadas, o equivalente a quatro por dia. A maioria das vítimas era negra (63,6%), jovem entre 18 e 44 anos (70,5%), morta dentro da própria casa (64,3%) e por companheiros ou ex-companheiros (80%). Em 97% dos casos, os agressores eram homens.
A situação se repete em escala mundial. Dados divulgados pela ONU apontam que, em 2024, uma mulher foi morta a cada dez minutos por parceiro íntimo ou familiar. A violência de gênero é, portanto, uma crise global que demanda respostas urgentes e integradas.
Para a CTB, o momento exige unidade, mobilização e firmeza política. A secretária da Mulher Trabalhadora da Central, Kátia Branco, destacou que
a presença massiva das mulheres e das organizações nos atos expressa um basta coletivo à omissão do poder público.

Segundo ela, “a mobilização ‘Mulheres Vivas’ é um chamado poderoso para a sociedade e um alerta ao Estado. Reunir tantas entidades feministas, centrais sindicais, movimentos sociais e partidos demonstra que não vamos mais tolerar a negligência diante dessa epidemia de feminicídios. Estamos nas ruas para dizer basta: basta de violência e de silenciar nossas vidas. A CTB se soma aos 21 dias de ativismo reafirmando o compromisso de exigir políticas públicas que garantam proteção, dignidade e o direito de viver”.
Nos atos do ‘Mulheres Vivas’, cartazes, palavras de ordem, lágrimas e silêncios revelaram a dor e a resistência de mulheres que perderam familiares, sofreram agressões ou convivem diariamente com o medo. Entre bandeiras e discursos, ganhou força a defesa de políticas permanentes de enfrentamento à violência. As reivindicações incluem delegacias da mulher funcionando 24 horas, campanhas contínuas contra a misoginia, responsabilização das plataformas digitais, criminalização da misoginia, ampliação da rede de abrigos e formação continuada de agentes públicos.
A participação da CTB na mobilização reafirma a centralidade da luta contra a violência de gênero no projeto sindical classista e reforça a defesa de um Estado que proteja, acolha e garanta a vida das mulheres brasileiras.
Rio de Janeiro
Belo Horizonte










