A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em São Paulo (CTB-SP) manifesta profunda preocupação com o novo apagão que atingiu o estado e, sobretudo, a capital paulista. O episódio deixou milhões de famílias sem energia elétrica, interrompeu serviços essenciais e agravou as condições de trabalho, mobilidade e segurança de milhões de cidadãos.
O vendaval ocorrido nesta quarta-feira (10) não pode servir de justificativa para o colapso do sistema. Eventos climáticos extremos são cada vez mais frequentes e exigem planejamento, prevenção e capacidade de resposta do poder público e das concessionárias. Nada disso foi demonstrado. Na manhã seguinte à tempestade, ainda havia mais de 1,5 milhão de imóveis sem luz e centenas de semáforos apagados, provocando congestionamentos, acidentes e atrasos que recaíram principalmente sobre trabalhadores e trabalhadoras.
A situação expõe a fragilidade da infraestrutura paulista e o abandono que atinge a cidade e o estado. A concessionária Enel, repetindo a postura dos anos anteriores, alega queda de árvores e quebra de postes — um discurso que tenta transferir sua responsabilidade e escancara a falta de manutenção preventiva. A Prefeitura de São Paulo, sob Ricardo Nunes (MDB), e o governo estadual de Tarcísio de Freitas (Republicanos) tampouco se mostram preparados para enfrentar crises climáticas ou para cobrar o cumprimento de obrigações das empresas privadas que administram serviços essenciais.
O apagão não é um fato isolado: é consequência direta do desmonte dos serviços públicos, da privatização irresponsável e da ausência de políticas de Estado que priorizem o bem-estar da população. O programa municipal SP Sem Fios, anunciado como solução para reduzir quedas de energia, é um fracasso retumbante: dos 20 mil quilômetros previstos, apenas pouco mais de 46 km foram instalados em rede subterrânea.
A CTB São Paulo se solidariza com todas as famílias afetadas e denuncia o descaso das autoridades, que escancaram incompetência administrativa e desprezo pelos direitos da população. Enquanto trabalhadores enfrentam apagão, falta d’água e insegurança, a prefeitura insiste em campanhas de autopromoção, alheia ao caos que se instala pela cidade.
Diante da intensificação dos extremos climáticos, é urgente que São Paulo implemente políticas de adaptação, prevenção e resposta rápida, fortalecendo serviços públicos, investindo na proteção das áreas urbanas e garantindo fiscalização rigorosa das concessionárias. O governo federal já aponta esse caminho com a reestruturação das políticas ambientais e a criação da Autoridade Nacional de Segurança Climática. No entanto, o governo paulista e a prefeitura caminham no sentido oposto, privilegiando interesses privados enquanto a população paga a conta.
A CTB São Paulo reitera sua posição em defesa de um modelo de desenvolvimento que coloque a vida, o trabalho e a dignidade do povo brasileiro acima do lucro, e exige providências imediatas para que episódios como este não continuem a se repetir.
São Paulo, 11 de dezembro de 2025
CTB São Paulo


