Líder de uma potência em franca decadência, o atual chefe da Casa Branca apela a uma política externa ainda mais agressiva com o desesperado propósito, a esta altura já inviável, de recompor a hegemonia dos EUA no mundo.
Em 2025, a conjuntura mundial foi sem dúvidas marcada pelo aguçamento da crise geopolítica gerada pelo declínio da liderança econômica dos Estados Unidos e do chamado Ocidente, ou seja, das potências reunidas no decrépito G7, que tem por contrapartida a ascensão da China e do Brics, fato que está subvertendo a geografia econômica do planeta e deslocando o centro de gravidade da geopolítica do Ocidente para o Oriente.
Os EUA e o Ocidente, porém, não abrem mão da hegemonia e prometem fazer de tudo para preservá-la. Conter a ascensão da China e do Brics é o objetivo primordial da política externa estadunidense, que tornou-se ainda mais agressiva e descarada com Donald Trump.
Doutrina Monroe
Tudo isso transparece claramente na nova estratégia de segurança nacional anunciada pela Casa Branca, que promete ressuscitar e impor em pleno século 21 a doutrina imperialista proclamada pelo ex-presidente dos EUA James Monroe em 1823, que tinha por lema a “América para os americanos’ (leia-se América para os EUA).
O ano foi marcado por iniciativas agressivas do governo estadunidense visando manter uma ordem que já caducou e está em franca contradição com a nova realidade econômica mundial.
Guerra híbrida
Ao lado do tarifaço, que não poupou aliados, os EUA ampliaram o cerco econômico contra Cuba e inauguraram uma política externa terrorista contra a Venezuela, com provocações criminosas, pirataria, chantagens e ameaças de invasão do país, numa tática de guerra híbrida para forçar a mudança de regime e se apoderar na base do porrete da maior reserva de petróleo do mundo.
Esta infame ofensiva colocou na ordem do dia em todo continente a luta em defesa do direito à autodeterminação dos povos e nações, contra as ingerências imperialistas, suscitando uma forte reação dos movimentos sociais e das forças democráticas e patrióticas,bem como do próprio povo venezuelano, que tem saído às ruas em defesa da pátria e do governo Maduro.
China e Rússia também repudiaram a ofensiva imperialista, expressaram solidariedade à Venezuela e apoio à demanda ao governo do país por uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para avaliar a crise pelos EUA e evitar a guerra. O governo Lula também manifestou preocupação com os rumos dos acontecimentos e oposição às agressões imperialistas e à guerra.
Congresso em defesa da paz
No dia 17 de dezembro, foi realizado em Caracas o I Congresso Latino-Americano, do Caribe e Mundial da Classe Trabalhadora em Defesa da Paz, que reuniu na capital venezuelana lideranças do movimento sindical da América Latina, do Caribe e de diversas regiões do mundo.
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) participou, Adilson Araújo, e ao discursar destacou a centralidade da luta anti-imperialista como eixo estratégico da classe trabalhadora na defesa da soberania, da autodeterminação dos povos e da paz mundial.
CTB solidária com Cuba, Venezuela e Colômbia
Segundo Adilson, a ofensiva imperialista segue no centro da luta de classes no continente americano e no mundo, tendo agora como principais alvos e vítimas os povos da América Latina e do Caribe. “Nossa América segue sendo tratada por Washington como quintal ou extensão do seu próprio território”, denunciou.
Em sua opinião, os Estados Unidos vivem um momento de “imperialismo sem máscara”. O presidente da CTB reafirmou a solidariedade da Central classista aos povos e aos governos de Cuba, Venezuela e Colômbia, alvos constantes de chantagens, mentiras e pressões do imperialismo.
Para ele, a luta contra o imperialismo está diretamente ligada ao enfrentamento da extrema direita no continente, que atua como “quinta coluna” de Washington, defendendo intervenções externas e políticas antipopulares. “Derrotar o imperialismo pressupõe derrotar a extrema direita, desafio central da classe trabalhadora e das forças democráticas”, afirmou.


