CTB participa do IX Congresso da CIG na Galícia, que reafirma sindicalismo de classe, feminista e soberano

Foto: divulgação.

Com a presença de delegações internacionais de diversos países e regiões, o IX Congresso da Confederación Intersindical Galega (CIG) aprovou importantes diretrizes que reforçam seu compromisso com um modelo de sindicalismo nacionalista, de classe, feminista e de contrapoder. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) participou dos debates representada por seu presidente, Adilson Araújo, que interveio durante a sessão da manhã, ao lado de lideranças de Cuba, Argentina, Itália, Países de Língua Portuguesa e Valência.

Durante o congresso, foram aprovados três relatórios centrais: o Relatório de Gestão da Executiva Confederal, o Relatório de Organização e o Relatório de Ação Sindical, todos com ampla maioria. Os documentos reafirmam a estratégia da CIG para enfrentar a precariedade, defender os direitos da classe trabalhadora e construir uma Galícia com soberania, justiça social e igualdade.

Ação sindical como força transformadora

O Relatório de Ação Sindical, aprovado com 427 votos a favor e apenas uma abstenção, analisa o contexto global marcado pelo avanço do capitalismo neoliberal, a militarização liderada pela OTAN e a ascensão da extrema direita. Frente a esse cenário, a CIG defende a mobilização da classe trabalhadora como instrumento para reverter retrocessos e construir poder popular desde a base.

A central denuncia a submissão da União Europeia aos interesses dos EUA e a política de austeridade que fragiliza os serviços públicos. No Estado espanhol, condena a “reforma trabalhista progressista” de 2021 — que manteve os pilares da reforma de 2012 — e o papel de CCOO e UGT no chamado “diálogo social”, acusado de legitimar perdas salariais e precarização.

Na Galícia, a CIG aponta os governos do PP como responsáveis por um modelo colonial de exploração dos recursos naturais, em detrimento do desenvolvimento produtivo local. A emigração em massa, a eucaliptização e o turismo descontrolado são destacados como sintomas dessa dependência estrutural.

Entre as principais bandeiras da ação sindical para o próximo período estão:

  • Salários dignos com piso de 1.320 euros mensais;

  • Redução da jornada para 35 ou 32 horas semanais;

  • Combate à desigualdade salarial de gênero;

  • Fortalecimento dos serviços públicos, da saúde universal à moradia digna;

  • Defesa de uma comunicação pública galega e contra a manipulação midiática;

  • Avanço do feminismo de classe e combate à violência e à exploração das mulheres.

Organização para resistir e transformar

No Relatório de Organização, aprovado com 378 votos a favor e apenas uma abstenção, a CIG reafirma o sindicalismo como contrapoder, com protagonismo da base, assembleias presenciais e ação direta nos locais de trabalho.

A central aposta na revitalização de suas seções sindicais e Uniões Locais, para enfrentar os desafios da digitalização e do isolamento laboral. Também defende uma gestão interna participativa, com planejamento coletivo, superação de práticas burocráticas e formação sindical contínua — tanto técnica (direitos trabalhistas, igualdade, negociação) quanto ideológica (princípios nacionalistas e de classe).

A independência econômica continua sendo um princípio estratégico. Graças à elevação da filiação e ao controle rigoroso de gastos, a CIG mantém autonomia financeira e recusa qualquer forma de submissão a interesses alheios à classe trabalhadora. As contribuições sindicais são compreendidas como um ato de solidariedade de classe.

Internacionalismo e alianças estratégicas

A presença de delegações de diversas partes do mundo, incluindo o Brasil, reforçou o caráter internacionalista do Congresso. A CIG criticou o papel da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e defendeu uma rearticulação do movimento sindical mundial com base na solidariedade e no anticolonialismo.

Foram destacados os laços com:

  • Sindicatos soberanistas de outras nações do Estado espanhol, como os da Catalunha e de Euskal Herria;

  • Centrais dos países de língua portuguesa, por meio da CSPLP;

  • Movimentos dos BRICS e articulações sul-sul;

  • Causas de solidariedade internacional, como a luta do povo palestino.

Um projeto sindical para uma Galícia livre de exploração

Com a presença de mais de 400 delegadas e delegados, o IX Congresso da CIG consolidou um projeto sindical que vai além da simples defesa de direitos: trata-se de um instrumento para transformar a realidade social e nacional da Galícia, a partir de uma ação sindical enraizada, feminista, soberana e anticapitalista.

A participação da CTB nesse encontro reflete a importância da articulação internacional entre centrais sindicais combativas, que compartilham uma mesma visão de mundo: a de que só a organização da classe trabalhadora poderá abrir caminho para um futuro de justiça social, autodeterminação e dignidade.

“Os trabalhadores e trabalhadoras têm o direito e a necessidade de saber quais passos estão sendo dados por quem os representa no dia a dia”, afirma o relatório da CIG — um princípio que também orienta a CTB em sua luta no Brasil.

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