Em vários países, a redução da carga horária já é realidade. No Brasil, o tema é analisado por uma subcomissão criada na Câmara dos Deputados para estudar seus impactos
Por Patricia Raposo
A proposta de reduzir a jornada de trabalho no Brasil, hoje fixada em 44 horas semanais, começa a ganhar espaço nas discussões do setor empresarial. Embora ainda em fase inicial de tramitação no Congresso, a PEC 8/2025, que prevê o fim da escala 6×1, reacende o debate sobre produtividade, bem-estar e competitividade.
Em vários países, a redução da carga horária já é realidade. A França adota jornada de 35 horas semanais; Estados Unidos, Itália e Canadá, de 40 horas. A Espanha debate a redução de 40 para 37,5 horas, enquanto Chile e México avançam em transições para modelos mais flexíveis.
No Brasil, o tema é analisado por uma subcomissão criada na Câmara dos Deputados, em agosto, para estudar os impactos econômicos da proposta. O grupo pretende realizar audiências públicas em diferentes regiões do país, ouvir setores afetados e sugerir projeto de lei.
Experiências no Brasil
Algumas experiências nacionais já indicam resultados positivos. Um projeto-piloto promovido pela 4-Day Week com 19 empresas brasileiras mostrou que o engajamento dos trabalhadores aumentou 60% e a colaboração, 85,4%. A exaustão caiu para 65% dos participantes, enquanto 61,5% relataram melhoria na execução de projetos. Do lado das empresas, 72% registraram aumento na receita, evidenciando o potencial do equilíbrio entre bem-estar e desempenho.
O Grupo DPSP, das Drogarias Pacheco e São Paulo, é um dos que migraram para o modelo 5×2. Segundo o CEO Marcos Colares, a decisão foi motivada pelo bem-estar dos colaboradores. Os funcionários permanecem contratados em regime CLT para 44 horas semanais, mas a nova escala favorece o descanso e a produtividade.
Em Portugal, um estudo coordenado por Pedro Gomes, professor de Economia da Universidade de Londres, e Rita Fontinha, professora associada de Gestão de Recursos Humanos da Universidade de Reading, envolveu 41 empresas e mais de mil trabalhadores portugueses. Os resultados foram encorajadores. As empresas testaram a semana de quatro dias, reduzindo a jornada em 13,7% sem corte de salários. O resultado: 95% das empresas optaram por manter o novo modelo, relatando ganhos em saúde mental, produtividade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Especialistas destacam que a redução da jornada contribui para diminuir casos de burnout e aumentar a retenção de talentos. O desafio brasileiro é adaptar essas experiências à sua realidade econômica e social.
Fonte: vidaetrabalho