Estudo encomendado mostra que 56% dos trabalhadores que deixaram o regime CLT para empreender consideram retornar ao emprego formal
Nos últimos anos, o empreendedorismo foi vendido como sinônimo de liberdade e autonomia. No entanto, uma nova pesquisa realizada pelo Dieese revela um retrato diferente da realidade brasileira: 56% dos que hoje atuam como autônomos no setor privado e já tiveram experiência com carteira assinada afirmam que voltariam ao regime CLT.
O levantamento ouviu 3,85 mil pessoas da População Economicamente Ativa e não Ativa, além de trabalhadores de plataformas digitais, nas cinco regiões do país. O estudo mostra que, apesar do discurso de independência, a instabilidade e a precarização do trabalho por conta própria têm levado muitos brasileiros a repensarem o empreendedorismo como solução de vida.
Realidade marcada por baixos salários e longas jornadas
Entre os principais fatores que afastam os trabalhadores do emprego com carteira assinada estão a baixa remuneração (44,5%), as exigências excessivas de qualificação (38,7%) e as jornadas longas e extenuantes.
A pesquisa confirma a tendência de informalização crescente do mercado de trabalho brasileiro, apontada também pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, que registra 37,8% de informalidade entre os ocupados.
CTB reforça defesa do trabalho decente e valorizado
Para a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), os dados revelam o impacto das políticas neoliberais e das reformas que enfraqueceram a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), abrindo caminho para a precarização.
“A promessa do empreendedorismo como saída individual para a crise do emprego é ilusória. O que o povo quer é trabalho digno, com direitos, salário justo e proteção social. É por isso que seguimos lutando por políticas de valorização do emprego formal e pela revogação das medidas que fragilizaram a CLT”, afirma a Adilson Araújo, presidente nacional da CTB.
O estudo ainda aponta que 40,9% dos trabalhadores com carteira assinada gostariam de empreender, revelando uma contradição que reflete o desalento de uma economia marcada pela desigualdade e pela falta de perspectivas.
Para a CTB, o desafio do momento é reconstruir o valor do trabalho formal e fortalecer o Estado como indutor de emprego e renda, com políticas que garantam estabilidade, condições dignas e ampliação de direitos.


