Por Adilson Araújo, presidente da CTB
As enchentes, tornados, as secas, o calor extremo e as calamidades climáticas que atingem o mundo e o país não são meros acidentes ou caprichos da natureza.
São o resultado direto de um sistema econômico que coloca o lucro acima da vida e do bem-estar dos povos. As grandes empresas poluem, desmatam e exploram, enquanto o povo trabalhador paga a conta: perde casa, emprego e saúde.
Norte e Sul
O chamado “aquecimento global” tem endereço e classe social. O Norte global — Estados Unidos, Europa e as grandes potências — enriqueceu queimando petróleo e carvão por mais de dois séculos.
Agora tenta impor ao Sul, especialmente à América Latina, a conta dos estragos que provocou. Ou, ainda, nega a existência da crise climática e, portanto, qualquer responsabilidade nela, como faz o atual presidente dos EUA, Donald Trump.
Não querem arcar com os custos da “transição verde” nem abrir mão dos próprios privilégios. Os lucros continuam no Norte; as tragédias ambientais, no Sul.
Periferias
No Brasil, quem mais sofre com o clima descontrolado é o povo das periferias urbanas, os camponeses, os ribeirinhos e os trabalhadores que vivem em áreas de risco. O preço dos alimentos sobe, as doenças se espalham e o trabalho fica cada vez mais precário.
É preciso compreender que justiça ambiental e justiça social são inseparáveis. É também notável a convergência da questão ambiental com os dilemas políticos e as contradições de classes que caracterizam o momento histórico.
Representando os interesses da oligarquia econômica, a extrema direita sabota o combate ao aquecimento global e a defesa do planeta, propagando o negacionismo climático, temperado com fake news e o irracionalismo, em confronto com a comunidade científica e os sinais da natureza.
Extrema direita e big techs
Espalha mentiras sobre o clima. Diz que “não existe aquecimento global”, que “a Amazônia é infinita” ou que “o meio ambiente atrapalha o progresso”. Mentiras a serviço dos mesmos oligarcas que lucram com o desmatamento, a indústria da morte e a energia suja.
É notório que a vitória na luta contra a destruição da natureza pressupõe a derrota da extrema direita, do negacionismo e do irracionalismo que ela irradia e explora com o concurso das big techs, que hoje constituem o ramo mais lucrativo e poderoso da oligarquia capitalista internacional. A consolidação de uma ampla frente política e social contra o neonazismo, que em nosso país é representado pelo Clã Bolsonaro e seus aliados, é fundamental.
Socialismo
As enchentes, as queimadas e a fome são gritos de alerta emitidos pela Natureza. A mensagem é clara e não pode ser subestimada: o planeta não aguenta mais. Defender o meio ambiente é defender o futuro da humanidade e da classe trabalhadora. A luta climática é, hoje, componente essencial da pauta sindical, nacional e democrática.
Ou o povo e seus representantes nas instituições políticas e organizações sociais assumem o comando da luta em defesa do meio ambiente — com emprego de qualidade, energia limpa e soberania — ou continuarão sendo a vítima de um sistema que sacrifica a vida e a natureza no altar do lucro.
Responsável pela crise climática, o capitalismo é o grande algoz da Natureza. As batalhas em defesa do meio ambiente terão maior consequência na medida em que sejam transformadas numa luta sem tréguas contra o sistema capitalista e pela construção de um novo sistema social, o socialismo.
