A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em São Paulo (CTB-SP) manifesta profunda preocupação e repúdio à aprovação, pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), do projeto de lei do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) que extingue a Fundação para o Remédio Popular (Furp). Criada em 1968, a Furp cumpria um papel estratégico na produção e distribuição de medicamentos essenciais para o Sistema Único de Saúde (SUS), atendendo mais de 500 municípios paulistas.
Pelo texto aprovado nesta terça-feira (11), as atribuições da Furp serão incorporadas pelo Instituto Butantan, com a criação da chamada “Butantan Farma”. Quase 500 funcionários serão transferidos para a Secretaria de Estado da Saúde. No entanto, permanecem incertezas sobre o futuro das unidades de produção em Guarulhos e Américo Brasiliense, o que abre margem para processos de privatização e desmonte da estrutura pública.
“Mais um passo no desmonte do Estado”
Para o presidente da CTB-SP, Rene Vicente, a extinção da Furp representa mais um passo no projeto de desmonte do Estado e da saúde pública em São Paulo. “O governo Tarcísio tem seguido a cartilha neoliberal, atacando empresas e fundações públicas que cumprem papel essencial para a população. A Furp não é apenas uma fábrica de medicamentos, é uma garantia de acesso à saúde, de produção nacional e de soberania sanitária. Extinguí-la é um retrocesso social e estratégico”, afirmou o dirigente.
Rene Vicente também criticou o caráter açodado e sem diálogo da tramitação do projeto na Alesp. “Infelizmente, mais uma vez vimos a maioria dos deputados alinhados ao governo votar sem debate com os trabalhadores, com as entidades sindicais e com a sociedade civil. O que está em jogo é o direito do povo pobre ao remédio gratuito, e isso não pode ser tratado como mera questão administrativa”, acrescentou.
Defesa do serviço público e da soberania nacional
A CTB-SP reafirma sua posição em defesa do serviço público de qualidade, da valorização dos servidores e do fortalecimento do SUS. Para a central, a incorporação das atividades da Furp pelo Instituto Butantan deve garantir transparência, controle social e a manutenção integral das políticas públicas de medicamentos.
“É preciso garantir que nenhuma etapa da produção e distribuição de remédios seja entregue à lógica do mercado. A saúde é um direito, não um negócio. A CTB-SP estará ao lado dos trabalhadores e das entidades que lutam para impedir qualquer retrocesso”, concluiu Rene Vicente.


