Juros altos drenam orçamento público e limitam investimentos essenciais, aponta segundo episódio da série da CTB

Manifestantes do MTST-RJ ocuparam o Shopping Leblon nesta quarta-feira (9) • Divulgação: MTST-RJ.

O segundo episódio da série “Impacto dos Juros Altos para a Classe Trabalhadora”, produzida pela CTB, revela como a manutenção da taxa básica de juros em patamar elevado compromete diretamente os serviços públicos que atendem milhões de brasileiros. Saúde, educação, saneamento e infraestrutura são áreas fortemente impactadas pela política monetária restritiva, que drena recursos do Estado para o pagamento da dívida pública.

De acordo com dados do Tesouro Nacional, o Brasil destinou em 2024 cerca de R$ 720 bilhões apenas para juros e amortizações da dívida — valor superior ao orçamento somado dos Ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social no mesmo período. Cada ponto percentual adicional na Selic representa bilhões de reais retirados de políticas públicas e transferidos ao sistema financeiro.

Esse movimento cria um ciclo perverso: enquanto bancos e credores são beneficiados com rendimentos elevados, o Estado fica impedido de ampliar investimentos essenciais para a população. Hospitais permanecem sobrecarregados, escolas carecem de infraestrutura e milhões de brasileiros ainda vivem sem acesso a água tratada e saneamento básico.

No caso da saúde pública, por exemplo, o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta crescente demanda e subfinanciamento histórico. Com parte expressiva do orçamento comprometida pelo pagamento da dívida, sobram menos recursos para ampliar equipes, construir unidades, financiar medicamentos, modernizar equipamentos e garantir atendimento de qualidade.

Na educação, o impacto é igualmente profundo. A estagnação orçamentária afeta universidades, institutos federais, escolas públicas e programas de formação. Sem investimentos robustos, o país limita sua capacidade de gerar conhecimento, inovar e reduzir desigualdades — funções essenciais para um projeto nacional de desenvolvimento.

A área de saneamento básico, fundamental para saúde pública e qualidade de vida, também sofre diretamente. O Brasil ainda tem 35 milhões de pessoas sem acesso à água potável e mais de 100 milhões sem coleta e tratamento de esgoto, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Com juros elevados, obras estruturais ficam inviáveis ou atrasadas, e os municípios enfrentam dificuldades ainda maiores para garantir acesso universal.

Para a CTB, a política de juros altos não apenas prejudica o crescimento econômico, mas compromete a própria capacidade do Estado de cumprir sua função social. “Quando o orçamento público é capturado pelos juros, quem perde é o povo. Falta médico, falta professor, falta saneamento, falta moradia. O país não avança porque o dinheiro que deveria estar nas políticas públicas vai parar nos cofres dos bancos”, destaca a série.

A entidade reforça a necessidade de rever o modelo fiscal e monetário do país, com redução da taxa básica de juros, fortalecimento das receitas públicas, ampliação dos investimentos sociais e prioridade absoluta para políticas que garantam dignidade e desenvolvimento para a classe trabalhadora.

O terceiro episódio consolida a proposta da CTB de disputar o debate econômico, mostrando de forma didática como decisões da política monetária impactam diretamente a vida cotidiana do povo brasileiro.

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