Brasil-Argentina rifam dólar e apostam em moeda do Mercosul

A data foi adiantada pelo ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega. O acordo entre o Banco Central do Brasil e o Banco Central da Argentina estabelece o uso de moedas locais em transações comercias. A Argentina já é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.

Rumo à moeda do Mercosul

"Esse acordo vai valorizar as moedas locais porque até agora tínhamos uma moeda intermediária [dólar], agora não precisamos dessa moeda intermediária. Isso caminha no longo prazo em direção a uma moeda local, que acho que o Mercosul deveria ter. É um primeiro passo", explicou o ministro.

Mantega acredita que o acordo pode ser estendido para os outros países do bloco. "Tendo dado esse primeiro passo, é possível fazer para os demais países", disse. De acordo com o ministro da Fazenda, o comércio entre o Brasil e a Argentina movimenta US$ 25 bilhões.

O continuado enfraquecimento do dólar tem esvaziado gradativamente o seu papel como moeda-padrão nas transações internacionais. Embora a divisa estadunidense continue a desempenhar este papel em perto de dois terços das transações internacionais, no início da década esta fatia chegava a mais de três quartos.

"Defesa estratégica de nossos recursos"

Na entrevista coletiva após a reunião entre os dois presidentes, no Palácio do Planalto, Cristina qualificou a integração sul-americana de "visão estratégica". "Num mundo que demanda cada vez mais alimentos e mais energia", observou a presidente argentina, em discurso pronunciado no Itamaraty, a aliança Buenos Aires-Brasília também "tem a ver com a defesa estratégica de nossos recursos naturais".

“Essa relação entre Brasil e Argentina, sustentadora do Mercosul e da unidade regional, assegura que a região pode desenvolver independência econômica, tecnológica e fundamentalmente de cabeças dirigentes que pensem que é possível viver em uma região com identidade e com história própria, e não emprestada por ninguém”, afirmou Cristina Kirchner.

Para Cristina, a "aliança estratégica se deu fundamentalmente porque os dois países partilham uma mesma visão da política e da importância da integração, para voltar a conseguir a mobilidade ascendente, que é o verdadeiro progresso". A presidente também opinou que existe "uma excelente oportunidade de negócios" entre a Argentina e o Brasil.

PIB argentino cresceu 60% desde 2003

Os dois chefes de Estado assinaram vários outros acordos bilaterais além do que substitui o dólar pelo real e o peso. Um deles trata do projeto da hidrelétrica de Garabi, no Rio Uruguai, compartilhado pelos dois países. Cristina  também manifestou interesse em comprar aviões da Embraer para reequipar a Aerolíneas Argentinas, em processo de re-estatização após uma privatização selvagem que quase aniquilou a empresa aérea.

Ao discursar no Itamaraty, Cristina apresentou números sobre as mudanças ocorridas na Argentina desde a eleição de Néstor Kirchner, seu marido, em 2003. O desemprego caiu de quase 25% para 7,8% em meados do primeiro semestre de 2008. A dívida externa reduziu-se de 150% do PIB (Produto Interno Bruto) para 50% este ano. O PIB cresceu 60% nestes cinco anos.

(Portal Vermelho)

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.