Novo incidente na Bolívia reduz a menos da metade envio de gás ao Brasil

O Transierra, consórcio do qual participa a Petrobras, afirmou em um comunicado que "durante a noite/madrugada uma válvula de segurança (…) foi manipulada, gerando a interrupção total do serviço pelo (gasoduto) Gasyrg". Segundo uma fonte que falou à Agência EFE, o país suspendeu o envio de 55% do gás contratado pelo Brasil.

O gasoduto está localizado 50 km ao norte da cidade de Villamontes e 900 km a sudeste de La Paz, não região do Chaco, onde se encontram os maiores campos produtores de gás. O gasoduto transportava 14 milhões de metros cúbicos diários e sofreu na quarta-feira uma redução de 3 milhões de metros cúbicos após outro incidente atribuído pelo governo a manifestantes de oposição.

Fontes do governo boliviano, que preferiram não se identificar, afirmaram à Reuters que o problema que causou a redução do envio de gás se deveu a uma falha técnica em uma válvula do gasoduto e não a um atentado da oposição a Evo Morales. "Foi um alívio, não foi atentado, foi defeito e de tarde deve estar resolvido", disse uma das fontes. Ainda segundo as fontes, a expectativa é de que a solução ocorra até o final da tarde desta quinta.

A Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não vai se pronunciar sobre o assunto até que todos os fatos sejam apurados. O Ministério das Minas e Energia também não confirma a informação, mas o ministro Edison Lobão informou que o governo brasileiro já tem uma estratégia montada para evitar o racionamento de gás e convocou uma coletiva de imprensa para a tarde de hoje.

O ministro da Fazenda boliviano, Luiz Alberto Arce, disse que o abastecimento de gás para o Brasil deve ser normalizado entre 10 e 15 dias. Segundo o ministro, o atentado ao gasoduto que abastece o Brasil "produziu danos e causa a Bolívia um prejuízo de US$ 8 milhões por dia".

O embaixador da Bolívia no Brasil, Mauricio Dorfler, apontou que "em 35 anos de acordos entre os dois países pelo abastecimento de gás, a Bolívia não deixou de cumprir seus compromissos um só dia". Dorfler afirma que neste caso não se trata de uma falta de compromisso boliviano, mas de um atentando, cujas consequências devem ser resolvidas o mais breve possível.

O fornecimento total de gás da Bolívia para o Brasil, antes dos incidentes no gasoduto de Transierra, na região do Chaco, girava entre 30 e 31 milhões de metros cúbicos diários.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, está reunido com técnicos do ministério e com a Petrobras para tomar medidas adicionais ao plano de contingência da estatal e enfrentar o corte de fornecimento de gás natural da Bolívia.

Segundo a assessoria do ministro, às 16h Lobão dará uma entrevista coletiva para detalhar a operação que tentará evitar problemas de abastecimento no país.

A indústria paulista é particularmente dependente do gás boliviano, assim como boa parte da frota de veículos movidos a gás no Sudeste do Brasil.

Protestos

A oposição ao presidente Evo Morales, de esquerda, intensificou os protestos no leste da Bolívia contra o governo nos últimos dias.

Na quarta-feira, Morales pediu que o embaixador dos Estados Unidos, Philip Goldberg, deixasse o país, afirmando que ele está apoiando os protestos.

Autoridades do governo chamaram os ataques ao duto de "terroristas" e o ministro da Fazenda afirmou na quinta-feira que a Bolívia está trabalhando para restaurar as exportações ao Brasil.

"O governo está reforçando a militarização nos campos petroleiros e outros pontos suscetíveis a atos terroristas", afirmou Luis Alberto Arce a jornalistas em Brasília.

Os incidentes não afetaram a exportação de gás para a Argentina, também provenientes da região de Chaco, segundo fontes da área energética governamental.

As exportações de gás ao Brasil e à Argentina são a maior fonte de divisas da Bolívia e devem superar este ano os 2 bilhões de dólares, segundo dados oficiais.

*Com informações da EFE e da Reuters

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