Cuba anuncia reservas de petróleo de 20 bilhões de barris

 

A estatal petroleira Cuba Petróleo (Cupet) divulgou uma estimativa segundo a qual a costa cubana pode ter reservas de cerca de 20 bilhões de barris – mais que o dobro do estimado atualmente.

O cálculo, que, se confirmado, faria de Cuba um país exportador de petróleo, se baseou na comparação das características geológicas do litoral cubano com as de campos conhecidos nos Estados Unidos e no México.

Mas o correspondente da BBC Mundo em Havana, Fernando Rasverg, disse que a possibilidade de que Cuba se transforme em um país exportador de petróleo "ainda é remota", porque os campos efetivamente descobertos em águas profundas cubanas ainda não são rentáveis.

Estimativas recentes feitas pelo Serviço Geológico dos EUA indicaram que o litoral norte cubano possui cerca de 9 bilhões de barris de petróleo e 180 bilhões de metros cúbicos de gás natural.

Mas o gerente de exploração da companhia, Rafael Tenreyro Perez, disse que a estimativa é baixa, porque os americanos não dispõem de tantos dados quanto os especialistas cubanos.

"Tenho quase certeza de que se pedirem todos os dados que temos, (a estimativa) vai crescer consideravelmente", disse Tenreyro à imprensa estrangeira, na quinta-feira.

Se confirmadas em 20 bilhões de barris, as reservas cubanas colocariam o país ombro a ombro com os Estados Unidos (cujas reservas se situam em 21 bilhões de barris de petróleo) e bem à frente do México (11,7 bilhões de barris).

Para efeito de comparação, o campo de Tupi, recentemente anunciado pela Petrobras, tem reservas estimadas entre 5 bilhões e 8 bilhões de petróleo. Na bacia de campos, o país teria reservas de 33 bilhões.

Investimentos pesados

O problema, no caso cubano, é que nenhum campo de petróleo encontrado até agora compensa os grandes investimentos necessários para a produção, disse o correspondente da BBC Mundo em Havana, Fernando Rasverg.

"Um poço de 100 barris diários na terra é bom, mas no mar não é rentável. No mar teria que produzir 10 mil barris", disse Terreyro. Segundo ele, "um campo em águas profundas pode chegar a custar US$ 100 milhões ou até mais".

Seis petroleiras da Espanha, Venezuela, Malásia, Índia, Vietnã e Noruega operam no litoral norte de Cuba, mas a busca tem sido infrutífera, disse o correspondente.

Segundo as fontes cubanas, a Repsol, espanhola, que há mais tempo está presente na zona, está em um período de análises de estudos sísmicos para decidir se continua a prospecção ou começa a exploração já em 2009.

Uma esperança das autoridades cubanas é a chegada – em breve – da Petrobras, que tem mais tecnologia e experiência na prospecção de águas profundas.

Mas a atual fase de prospecção ainda deve ser seguida de outra, de exploração, e de pelo menos mais três anos antes de que se inicie a extração do petróleo.

Hoje, Cuba produz 60 mil barris diários de petróleo pesado, usado em usinas de geração de energia, e outros 20 mil barris-equivalentes em gás natural, o que corresponde a apenas 50% de suas necessidades.

Através de um acordo com a Venezuela, pelo qual envia médicos para trabalhar em programas sociais venezuelanos, a ilha recebe outros 93 mil barris diários de petróleo.

Rafael Terreyro disse que a previsão da Cupet é "manter os níveis atuais de produção" por ora.

BBC

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