Camponeses paraguaios intensificam protestos por terras

ASSUNÇÃO (Reuters) – Milhares de camponeses paraguaios do Departamento de San Pedro, no centro do país, exigiram na quinta-feira a retirada dos policiais que vigiam fazendas sob ameaça de invasão, assim como o fim das aplicações de agrotóxicos em cultivos de soja da região.

O protesto elevou a tensão no campo no momento em que grupos de camponeses que exigem terras para trabalhar ameaçam ocupar centenas de fazendas em diversas zonas do país, cuja economia depende da exportação de carne e soja.

Cerca de 5.000 camponeses da localidade de Capiibary, cerca de 250 quilômetros a nordeste de Assunção, exigem também a libertação de 35 trabalhadores rurais detidos durante uma desocupação, segundo a imprensa local.

O dirigente Florencio Martinez disse que, se as exigências não forem atendidas, os manifestantes vão queimar um silo de propriedade de Tranqüilo Fávero, brasileiro naturalizado paraguaio, conhecido como "rei da soja" por possuir 35 mil hectares dedicados a esse cultivo no país.

Grupos de camponeses de San Pedro iniciaram há semanas mobilizações para exigir a recuperação de terras públicas entregues de maneira irregular a agricultores brasileiros e para impedir o uso de agrotóxicos supostamente nocivos à saúde humana e ao meio ambiente.

Cerca de cem trabalhadores rurais da localidade de Lima, 40 quilômetros a norte de Capiibary, ameaçam ocupar 50 fazendas de brasileiros, num total de cerca de 500 hectares, apesar de o governo considerar que apenas quatro delas estão em situação irregular.

"Por mais que tenham legalmente a terra, igualmente cometem delitos ecológicos, e isso tem de terminar. São uma gente prepotente e violenta, que não nos respeita", disse o dirigente Antonio Cabrera a uma rádio.

Entidades de produtores rurais do país, quarto maior exportador mundial de soja, alertaram que o plantio da safra 2008/09 está em risco devido ao conflito no campo, o que pode reduzir a área de cultivo estimada em 2,6 milhões de hectares e a produção de cerca de 6,8 milhões de toneladas.

Desde o início da crise rural, o presidente Fernando Lugo reafirma sua promessa de promover uma reforma agrária, mas promete respeitar a propriedade privada e os direitos dos brasileiros que trabalham de forma legal no país.

(Reportagem de Mariel Cristaldo)

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