Dissidentes da situação sul-africana anunciam novo partido

Johannesburgo, África do Sul, 2 Nov (Lusa) – Ex-membros do Congresso Nacional Africano (ANC), reunidos no sábado em convenção nacional em Sandton, norte de Johannesburgo, para debaterem "o estado da democracia na África do Sul", anunciaram a fundação de novo partido em dezembro.

O anúncio, feito por um dos três líderes da convenção nacional, o ex-chefe do executivo da província de Gauteng, Mbhazima Shilowa, foi seguido pela leitura de uma declaração final do encontro, da qual se destaca o apelo a uma revisão constitucional que garanta a futura eleição do presidente da República pelos eleitores, em vez de o ser pelo Parlamento sul-africano.

"Afirmamos inequivocamente que o presidente do nosso país deverá ser diretamente eleito pelo povo", afirma a declaração final divulgada, numa convenção que deveria ter se prolongado pelo fim de semana, mas que acabou encurtada.

O texto também aponta que "à supremacia da Constituição" e à "coesão social, respeito pelos direitos básicos dos cidadãos, incluindo o de escolherem um partido político livremente, tolerância política e diálogo transparente" na sociedade.

Com ênfase na igualdade perante a lei de todos os cidadãos, a declaração lança as primeiras idéias sobre o que poderá vir a ser os princípios políticos do novo partido, que Mbhazima Shilowa anunciou para dezembro, e para o qual pediu aos participantes que comecem a pensar num nome.

Apesar da participação de cerca de quatro mil representantes da maioria das províncias sul-africanas, a convenção nacional decepcionou muitas das expectativas iniciais.

Ao contrário do que se previa, aos três líderes que se demitiram do ANC para fundarem o novo partido, não se juntou nenhum dos restantes dirigentes do ANC, que abandonaram o executivo, em setembro, em solidariedade à Thabo Mbeki, quando foi forçado a abandonar a presidência pelo seu próprio partido.

Shilowa, Mosiuoa "Terror" Lekota e Mluleki George garantiram que a nova formação "não só concorrerá ás eleições do próximo ano como as vencerá".

Sem figuras políticas de peso, no entanto, o embrião não parece capaz de enfraquecer mais o ANC do que o fez o Movimento Democrático Unido (UDM), criado por Bantu Holomisa, um general expulso do ANC, e pelo ex-dirigente do Partido Nacional (NP), Roelf Meyer em 1997.

A UDM conquistou 14 cadeiras no Parlamento sul-africano em 1999, e apenas nove em 2004, ano em que o ANC reforçou a sua maioria parlamentar superior a dois terços na Assembléia Nacional e Conselho Nacional das Províncias, a câmara baixa do Parlamento.

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